
Era para ser a lei, mas virou o crime. Três policiais militares — dois deles já afastados — foram algemados nesta quarta-feira (3) no Recife, acusados de comandar um verdadeiro esquema de terror contra comerciantes do Agreste pernambucano. A operação, batizada de 'Barreira', expôs uma teia de corrupção que há meses assombrava as cidades de Arcoverde e Buique.
Imagina a cena: fardados, armados, com o poder do Estado nas mãos... e usando tudo isso para extorquir, ameaçar, cobrar 'taxas de proteção' de empresários locais. Uma distorção completa da função policial, que deveria ser proteger, não oprimir.
Os nomes por trás das fardas
Os alvos da operação são o sargento A.S.S., o cabo J.A.S. e o soldado J.V.S. — dois deles já estavam afastados do serviço, mas isso não impediu que continuassem suas atividades criminosas. A Polícia Civil não divulgou os nomes completos, seguindo protocolo, mas a investigação já reunia provas contundentes há semanas.
E olha que as evidências são fortes: vídeos que mostram os próprios policiais recebendo dinheiro — aquele que não era deles, claro — de comerciantes assustados. As imagens, obtidas pelas câmeras de segurança dos estabelecimentos, foram cruciais para desmontar a narrativa de ilegalidade.
O modus operandi
Os PMs agiam de forma organizada, quase como uma empresa do crime. Chegavam aos estabelecimentos — bares, mercados, lojas — e impunham uma 'contribuição' mensal. Quem não pagava? Sofria retaliação, intimidação, ameaças veladas ou explícitas. Um clima de medo que se espalhou pelo comércio local.
Não era pouco dinheiro, não. Valores que variavam, mas chegavam a milhares de reais mensais — um enriquecimento ilícito às custas do suor alheio.
E pensar que esses mesmos homens juraram proteger a população...
A operação que desmontou o esquema
A Polícia Civil agiu rápido — e com precisão. Dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Recife, onde os acusados residem. Foram encontradas mais provas, incluindo valores em espécie e documentos que corroboram as acusações.
Os três foram levados para a Delegacia de Polícia de Arcoverde, onde a investigação foi centralizada. Lá, ficarão à disposição da Justiça — que, agora, decide sobre medidas cautelares e o futuro processual deles.
É mais um caso que mancha a imagem da corporação, mas que, ao mesmo tempo, mostra que há mecanismos de controle — ainda que tardios — agindo.
Que sirva de alerta: crime de farda não passa impune.