PF desmonta rota do tráfico: drogas saíam do Amapá escondidas em ônibus interestaduais
PF investiga tráfico de drogas do Amapá em ônibus interestaduais

Imagine a cena: um ônibus comum, daqueles que cortam o país levando passageiros e suas histórias. Só que, nesse caso, a carga incluía algo bem mais sombrio. A Polícia Federal botou a mão na massa nesta segunda-feira (23) numa operação que expôs justamente isso – uma rota sofisticada de entorpecentes saindo do Amapá com destino a outros estados brasileiros.

A Operação Horizonte Silencioso, assim batizada, mira uma organização criminosa que, segundo as investigações, agia com uma audácia impressionante. O método? Usar o transporte coletivo interestadual, mais especificamente ônibus, como cavalo de Troia para distribuir a droga. Dois mandados de busca e apreensão foram executados em endereços de Macapá, tudo autorizado pela Justiça Federal.

O inquérito policial, que já corre em segredo de Justiça, começou a desvendar esse esquema ainda no primeiro semestre deste ano. As peças do quebra-cabeça foram se encaixando e revelaram uma operação logística nada simples. A PF acredita que os investigados são parte de um grupo mais estruturado, especializado nesse transporte "camuflado".

Como funcionava o esquema?

Os agentes trabalham com a hipótese de que a organização se aproveitava da aparente normalidade do fluxo de ônibus para disfarçar o carregamento ilícito. A carga era inserida de forma a passar despercebida em inspeções de rotina, um verdadeiro desafio à fiscalização. Não era um caso amador, longe disso.

Os alvos da operação de hoje são apontados como peças-chave nessa engrenagem, responsáveis pela logística e pelo escoamento da mercadoria para fora do estado. A investigação agora entra numa fase ainda mais delicada: a análise do material apreendido. É aí que podem surgir novas pistas, nomes e, quem sabe, a real dimensão dessa rede.

O que isso revela? Bom, para além do óbvio combate ao tráfico, a operação joga um holofote sobre as rotas alternativas que o crime organizado cria. Quando se fecha uma fronteira, ele busca outra – e o transporte público, essencial para tanta gente, acaba sendo instrumentalizado. Uma triste realidade dos nossos tempos.

A PF não divulgou maiores detalhes sobre o tipo ou a quantidade de drogas envolvidas, nem para quais estados a carga seguia. O silêncio é estratégico, afinal, a investigação está quente. Mas uma coisa é certa: o Amapá, mais uma vez, aparece como um ponto sensível no complexo mapa do narcotráfico nacional.