
A coisa esquentou de verdade na Comissão de Segurança Pública da Câmara nesta quarta. E o tema, pasmem, não era o usual tráfico de armas ou drogas. O alvo era outro, e bem mais surpreendente: a suposta tentativa do Primeiro Comando da Capital (PCC) de botar a mão – e que mão – no lucrativo mercado de agrotóxicos.
Quem puxou o fio da meada foi o deputado Ricardo Salles (PL-SP). Ele não economizou nas palavras ao questionar o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre o que afinal o governo federal sabe – e o que está fazendo – a respeito dessas investidas criminosas. A informação, segundo Salles, vem de investigações da própria Polícia Federal, que apontariam uma rota específica de contrabando desses produtos.
Da Fronteira para as Lavouras: A Rota do Crime
O esquema, pelo que se apurou, não é nada simples. Os agrotóxicos ilegais entrariam no Brasil pelo Paraguai, claro, mas o destino final não seriam apenas pequenas propriedades. A ambição da facção, ao que parece, é bem maior. Eles estariam mirando o coração do agronegócio brasileiro, um setor que movimenta bilhões. Imagina só o poder que isso daria ao grupo?
Lewandowski, é bom dizer, não confirmou nem negou as acusações na hora. A resposta foi a que se espera de um ministro: disse que "aprecia" a informação e que vai "apurar os fatos" junto às forças de segurança. Mas a pergunta que ficou no ar, e que todo mundo se fez, é: até onde o PCC já conseguiu avançar?
Um Jogo de Poder Perigoso
Isso aqui vai muito além de um simples desvio de produto. É sobre poder. Controlando a distribuição de insumos vitais para o campo, o crime organizado ganha uma alavanca de influência assustadora sobre produtores rurais, grandes e pequenos. Cria-se uma dependência, uma relação de força que ninguém em sã consciência quer ter com uma facção.
O recado dado pelo deputado Salles foi direto: não dá para fechar os olhos. A situação exige uma ação coordenada e firme, e rápido, antes que a situação se estabeleça de vez. O ministro, agora, tem a bola. A promessa de apuração foi feita, e o país vai ficar de olho para ver o que sai disso.
Enquanto isso, o agro, que é a espinha dorsal da nossa economia, fica na berlinda. Mais uma sombra pairando sobre quem trabalha honestamente na terra. Uma tensão que, convenhamos, ninguém precisava.