Operação Mata Leão: Megaoperação em Roraima desarticula rede de tráfico e crime organizado
Megaoperação em RR desarticula rede de tráfico internacional

Parecia mais um dia comum em Boa Vista, mas o sol da manhã desta terça-feira (29) iluminou algo muito diferente: dezenas de viaturas da Polícia Federal, PRF e forças estaduais se movimentando como peças de xadrez num tabuleiro de alto risco. O alvo? Uma organização criminosa que agia feito dona do pedaço nas rotas do tráfico na fronteira com a Venezuela.

"Quando a gente pensa que já viu de tudo, esses caras inventam um novo jeito de burlar a lei", comentou um agente veterano que preferiu não se identificar. E não é pra menos - a operação batizada de Mata Leão (sim, a referência à famosa finalização do jiu-jitsu é intencional) mirou justamente nos "gargalos" do esquema.

Os números que impressionam

Em poucas horas de ação:

  • + de 100 kg de cocaína pura apreendidos (o suficiente para abastecer uma pequena cidade)
  • R$ 500 mil em dinheiro vivo - alguns maços ainda com lacres de bancos
  • 15 veículos de luxo com blindagem "caseira" (improvisada, mas assustadoramente eficiente)
  • 7 armas de grosso calibre, incluindo um fuzil AR-15 modificado

O que mais chocou os investigadores? "A sofisticação dos esconderijos", revela o delegado-chefe. "Tinha compartimento secreto até no tanque de água de uma igreja evangélica. Isso cruza todas as linhas."

O modus operandi

Se você acha que o crime organizado na fronteira ainda funciona na base do "mula" transportando mochilas, está vivendo nos anos 90. A quadrilha usava:

  1. Caminhonetes com duplo assoalho (aqueles que passam tranquilamente por blitz)
  2. Empresas de fachada de importação/exportação
  3. Até um suposto "clube de motociclistas" que nunca organizou um único passeio

"É o crime vestindo terno e gravata", ironiza um policial. Mas o terno, no caso, tinha sangue e pólvora nas costuras - a organização é suspeita de pelo menos 12 homicídios nos últimos dois anos.

O que vem por aí?

Segundo fontes próximas à investigação, essa foi apenas a primeira leva de prisões. "Tem gente importante por trás que ainda tá se achando intocável", adianta um promotor. Os nomes? "Ainda não podemos revelar, mas digamos que alguns vão causar frisson quando vierem a público."

Enquanto isso, nas ruas de Boa Vista, o clima é de alívio misturado com cautela. "Melhorou? Melhorou. Mas é igual cortar cabeça de hydra - aparece outra", filosofa Dona Maria, dona de um bar na região fronteiriça. Ela, que já viu "trocentas" operações, torce para que dessa vez o efeito dure mais que o cheiro de pólvora no ar.