
Era pra ser uma terça-feira comum na Zona Leste de São Paulo. Mas o que aconteceu por volta das 7h da manhã desta quarta-feira (18) foi tudo, menos comum. Um ex-delegado da Polícia Civil, aposentado há tempos, foi brutalmente executado com nada menos que doze disparos – sim, você leu direito, doze – dentro de seu próprio carro.
O cenário era desolador: veículo parado num cruzamento movimentado da Avenida Nordestina, no tradicional bairro do Belém, com um homem de 62 anos já sem vida no banco do motorista. A perícia não teve dúvidas: execução pura, daquelas que deixam claro que não foi crime passionaal, briga de trânsito ou assalto que deu errado.
E aqui é que a coisa fica particularmente sombria. As primeiras linhas de investigação – e olha que os investigadores são veteranos, cansados de ver coisa feia – apontam para um caminho preocupante: a possível participação de uma facção criminosa que não precisa de apresentações. O Primeiro Comando da Capital, ou PCC para simplificar.
O suspeito que voltou à circulação
Mais especificamente, os olhares se voltaram para um sujeito perigoso, um suposto líder do PCC que, pasmem, recuperou a liberdade faz pouco tempo. A Polícia Civil, é claro, está jogando quieta – afinal, investigação em andamento é assim mesmo – mas fontes que acompanham o caso confirmam que essa é uma linha séria, muito séria.
Não é todo dia que um ex-delegado, alguém que dedicou a vida à lei, é morto de forma tão violenta. Isso, naturalmente, levanta uma série de… digamos, perguntas desconfortáveis. Seria uma vingança por algum caso antigo? Uma tentativa de mandar um recado para a polícia? Ou algo ainda mais complexo?
O fato é que a equipe do 10º DP (Vila Prudente) assumiu as investigações e está revirando cada centímetro da cena do crime, cada imagem de câmera de segurança da região, cada possível testemunha. Em casos assim, cada segundo conta.
O silêncio que fala mais alto
A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), como era de se esperar, emitiu a nota padrão – aquela que diz que ‘todos os esforços estão sendo envidados’ e que ‘as investigações correm em sigilo’. Mas entre as entrelinhas, dá pra sentir a tensão. Um crime desse calibre mexe com toda a estrutura.
O que ninguém diz alto, mas todo mundo pensa: a soltura de líderes criminosos – seja por decisão judicial, fim de pena ou o que for – tem um preço. E às vezes, um preço altíssimo, pago com sangue e vidas. Será que estamos vendo mais um capítulo triste dessa história?
Enquanto a família do ex-delegado chora sua perda, a pergunta que fica ecoando é: até quando? A violência urbana, especialmente quando temperada com o ingrediente sinistro do crime organizado, parece um poço sem fundo. E São Paulo, mais uma vez, é palco de um drama que ninguém gostaria de ver.