
Parece filme de ação, mas é a pura realidade: o posto de gasolina na esquina, o caminhão que abastece a frota, tudo isso pode estar, sem que a gente desconfie, financiando impérios do crime. Um relatório recente joga luz sobre uma cifra que é de deixar qualquer um de cabelo em pé: incríveis R$ 61 bilhões. Sim, você leu certo. Foi esse o lucro que o setor de combustíveis gerou para as facções criminosas em apenas um ano.
Como isso é possível? A receita do crime é uma colcha de retalhos de ilegalidades. O contrabando de combustível — aquele que vem principalmente da fronteira — é a estrela do show. Mas não para por aí. A sonegação fiscal, combustível adulterado e até desvios de carga completam o pacote maligno que drena bilhões da economia formal e enche os cofres do tráfico.
Um Negócio que Não Para de Crescer
O pior de tudo? Essa máquina parece ser à prova de recessão. Enquanto negócios legítimos fecham as portas e famílias apertam o cinto, o esquema ilegal de combustíveis só expande. Eles operam com uma eficiência que, convenhamos, até assusta. Possuem logística, distribuição e uma rede de clientes cativos — de postos coniventes a grandes frotas que fecham os olhos para a origem do produto em nome de um preço mais barato.
É aquela velha história: o preço baixo na bomba às vezes esconde um custo social altíssimo. E quem paga a conta somos todos nós, duas vezes. Primeiro, com o rombo nos cofres públicos que deixa de investir em saúde e educação. Segundo, com a violência patrocinada por esse dinheiro que fortalece milícias e facções.
O Que Falta para Combater?
A pergunta que não quer calar: e as autoridades? O problema é complexo e exige uma resposta à altura. Especialistas apontam que a solução passa, inevitavelmente, por uma integração de inteligência entre polícias, Receita Federal e agências reguladoras. Ações pontuais até prendem alguns ‘laranjas’ ou apreendem caminhões, mas a fonte do problema continua jorrando dinheiro.
Precisamos falar sobre isso. Virar a cara para o combustível mais barato de um posto sem nota fiscal não é apenas uma infração menor; é, mesmo que sem querer, ser cúmplice de uma rede que destrói vidas e corrói o país. A conscientização é o primeiro passo para secar essa fonte de renda do crime.