
A notícia chegou como um daqueles telefonemas que ninguém quer receber. Na tarde desta segunda-feira (15), um silêncio pesado tomou conta de um tranquilo bairro de Cuiabá. Foi ali, entre quatro paredes que guardavam histórias de uma vida dedicada ao ensino, que a Polícia Militar fez uma descoberta profundamente triste.
Valdir Ferreira, um nome respeitado nos corredores da Universidade Federal de Mato Grosso, foi encontrado sem vida em sua própria casa. Professor aposentado – aposentado da vida, mas nunca do conhecimento –, ele tinha 71 anos. Sete décadas de existência, interrompidas de maneira abrupta e, digamos, misteriosa.
O que aconteceu exatamente? Ainda é a pergunta que ecoa. A PM chegou ao local por volta das 14h, após um alerta. Nada de arrombamentos, nada de bagunça aparente. A cena, segundo os primeiros relatos, não apresentava sinais claros de violência. Mas, cá entre nós, a ausência de um caos visível nem sempre significa uma partida pacífica, não é mesmo?
Uma Vida Dedicada às Letras
Valdir não era apenas mais um nome na folha de pagamento. Era parte da estrutura da UFMT. Um daqueles mestres que realmente marcam época – desses que os ex-alunos lembram não só pela matéria ensinada, mas pela maneira única de ensiná-la. Sua aposentadoria deveria ser um longo e merecido descanso, não um capítulo final precoce.
Agora, o caso está nas mãos da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Eles é que vão tentar desvendar este quebra-cabeça sombrio. Perícia no local, ouvindo vizinhos, examinando cada detalhe. O trabalho de formiguinha que, às vezes, é a única maneira de encontrar alguma verdade em meio ao nada.
A Universidade, como era de se esperar, emitiu uma nota. Um comunicado formal, cheio de pesar e solidariedade à família. Mas dá pra sentir, entre as linhas, o choque que varreu a instituição. É sempre assim quando um pedaço da sua história vai embora de repente.
O Que Fica?
Enquanto a máquina investigativa se põe em movimento, resta uma comunidade perplexa. Vizinhos que talvez tenham visto algo, mas nem sabiam o quão importante era. Colegas que se perguntam sobre os últimos dias dele. A família, essa então, mergulhada numa dor que nem consigo imaginar.
Uma morte assim, solitária e inesperada, sempre deixa um rastro de perguntas sem resposta. Foi natural? Foi algo mais? Só o tempo – e um trabalho policial competente – vai poder dizer. Por enquanto, o que temos é o vácuo deixado por um educador. E a lembrança de que a vida, ah, a vida pode ser incrivelmente frágil.