Justiça condena Estado a indenizar ex-aluna que presenciou massacre em Suzano — veja detalhes
Justiça condena Estado por indenização após massacre em Suzano

Numa decisão que ecoa como um alívio tardio, a Justiça de São Paulo finalmente deu razão a uma ex-aluna que carregou nas costas — invisíveis, mas pesadas — as cicatrizes do dia que mudou tudo. Era 13 de março de 2019 quando a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, virou palco de um dos episódios mais chocantes da violência escolar no país.

Ela estava lá. Ouviu os tiros, viu o caos, sobreviveu — mas, como tantos outros, nunca mais foi a mesma. Agora, seis anos depois, o Tribunal de Justiça determinou que o Estado pague indenização por danos morais e psicológicos. Não é sobre dinheiro, claro. É sobre reconhecer que o trauma não some quando as câmeras de TV vão embora.

"A gente aprende a conviver, mas não esquece"

O processo revela detalhes dolorosos: crises de ansiedade, noites em claro, o pavor de entrar em salas de aula. "Tinha dias que ela tremia só de ouvir um barulho alto", contou uma testemunha. A defesa argumentou — com razão — que o Estado falhou em garantir segurança básica. E a corte concordou: R$ 50 mil a título de indenização, valor que, convenhamos, não paga anos de terapia.

Ah, e tem um detalhe que faz gritar "finalmente!": a sentença abre precedente para outros casos. São 8 sobreviventes ainda na fila da Justiça. O desembargador deixou claro — "O poder público não pode se eximir de responsabilidade quando falha em proteger" — numa frase que deveria estar escrita em letras garrafais em todas as secretarias de educação.

E agora?

Enquanto o Estado recorre (porque é assim que funciona, não é?), a moça — hoje com 23 anos — tenta reconstruir a vida longe das manchetes. Trabalha como atendente, evita noticiários sobre violência. "Ainda sonho com aquilo", confessou numa das audiências. Quem dera o dinheiro apagasse memórias.

E Suzano? A escola foi reformada, tem novos protocolos de segurança. Mas ninguém ali esquece. Como deveria ser, aliás. Porque algumas histórias precisam doer para que não se repitam.