Influenciadora enfrenta investigação por rifas ilegais e caso com policiais
A influenciadora digital Aline Bardy Dutra, conhecida nas redes sociais como "Esquerdogata", tornou-se alvo de uma apuração do Ministério Público pela realização de rifas online sem a devida autorização. As investigações ocorreram a partir de abril deste ano, revelando que a digital influencer promovia sorteios de diversos prêmios entre seus milhares de seguidores.
Prática irregular nas redes sociais
De acordo com as apurações do MP, Aline vendia cada rifa por R$ 13 e oferecia prêmios como uma TV de 70 polegadas, eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos. A promotoria constatou que a prática violava a legislação brasileira, pois a influenciadora não possuía autorização do Ministério da Fazenda para realizar os jogos de azar.
O promotor Paulo Freire Teotônio explicou que "rede social não é para tudo" e destacou os requisitos legais necessários para esse tipo de atividade: "Você precisa ter lastro econômico, você precisa ser pessoa jurídica, você precisa ter autorização de todos os mecanismos legais e precisa ter parte de reversão desses valores a instituições de caridade".
Transação penal proposta
Por ser ré primária - sem processos criminais anteriores -, o Ministério Público propôs um acordo para que a influenciadora evite uma ação penal formal. A proposta estabelece o pagamento de dez salários mínimos, equivalente a aproximadamente R$ 15 mil.
O valor foi calculado com base na grande quantidade de seguidores que Aline possuía durante as investigações e no potencial de ganho obtido através das rifas. O promotor ressaltou que não foi possível apurar se houve pagamento de Imposto de Renda sobre os lucros, o que poderia gerar investigações federais.
Caso de injúria racial contra PMs
As investigações sobre as rifas ocorreram meses antes do episódio em que Aline foi gravada ofendendo policiais militares durante uma abordagem de trânsito em Ribeirão Preto, no dia 25 de agosto.
Segundo o boletim de ocorrência, a influenciadora aproximou-se dos agentes questionando a fiscalização e filmando a ação. Durante as explicações dos policiais, ela os interrompeu e afirmou que o procedimento era realizado por conta da cor da pele do abordado.
Os vídeos mostram que, após ser colocada na viatura e algemada, Aline continuou com as ofensas, referindo-se aos policiais como "fascistinhas" e fazendo comentários sobre o bairro Quintino, onde um dos agentes moraria. Na delegacia, ela relatou estar embriagada e proferiu novos xingamentos.
Por esse episódio, a influenciadora responde na Polícia Civil por desacato, resistência e injúria racial. A repercussão do caso fez com que ela perdesse milhares de seguidores e motivou moradores do bairro Quintino a pedirem uma retratação pública.
Consequências e possíveis desdobramentos
Caso a influenciadora não aceite a proposta de transação penal pelas rifas ilegais, ela poderá ser formalmente denunciada e responder a um processo criminal. O promotor alertou que "se você explorar loteria, jogo sem ter autorização, você está cometendo um crime de menor potencial ofensivo".
Além disso, as investigações sobre o possível não pagamento de impostos podem evoluir para a esfera federal, conforme explicou o representante do MP: "Precisamos ver se ela paga o Imposto de Renda, senão daria um crime até mais grave de competência da Justiça Federal".
A EPTV, afiliada da TV Globo, não obteve um posicionamento da defesa de Aline sobre os recentes desdobramentos do caso.