Casal é vítima de envenenamento planejado em Minas Gerais
O laudo toxicológico realizado no corpo do americano Thomas Stephen Lydon, de 65 anos, confirmou que ele foi envenenado com fenobarbital, o mesmo medicamento que causou a morte de seu companheiro, Everaldo Gregório de Souza, de 60 anos. As mortes ocorreram em junho deste ano em Governador Valadares, Minas Gerais.
Investigação aponta trama financeira
A Polícia Civil reforça a tese de que as duas mortes fizeram parte de uma mesma trama planejada por motivação financeira. Os suspeitos, identificados como a irmã de Everaldo e um amigo de Thomas, estão presos preventivamente e serão indiciados por duplo homicídio qualificado e outros crimes.
O resultado da perícia foi anexado ao relatório final do inquérito, concluído nesta semana. O documento aponta que os acusados agiram de forma premeditada e chegaram a movimentar mais de R$ 1,3 milhão após as mortes das vítimas.
Medicamento foi comprado com receita falsa
De acordo com as investigações, fenobarbital e fenitoína, medicamentos de uso controlado, foram comprados de forma fraudulenta em 9 de junho de 2025, apenas 11 dias antes da morte de Thomas. A compra foi realizada pela irmã de Everaldo usando uma receita médica falsificada.
A médica cujo nome constava na prescrição negou categoricamente ter emitido o documento. Segundo a perícia, o uso dessas substâncias provocou falência múltipla dos órgãos e parada cardiorrespiratória, quadro típico de intoxicação por barbitúricos.
Versão de morte natural foi desmentida
Inicialmente, a morte de Thomas havia sido registrada como decorrente de um câncer de pele. Porém, o exame toxicológico mostrou que o quadro clínico não justificava o óbito. O médico assistente relatou surpresa com o falecimento, já que o paciente apresentava boa evolução e o tipo de câncer tratado não era terminal.
A investigação revelou que o atestado de óbito foi emitido com base em documentos falsos apresentados pela irmã de Everaldo, incluindo um laudo de biópsia fraudado.
Isolamento das vítimas e administração irregular
A Polícia Civil constatou que os investigados mantiveram as vítimas isoladas da família e administraram medicamentos sem prescrição médica. Everaldo chegou a relatar para colegas que o amigo aplicava morfina em Thomas, substância de uso hospitalar restrito, obtida de sobras do tratamento da mãe do amigo indiciado.
Uma médica chegou a alertar Everaldo sobre o risco de overdose, mas o casal acabou se distanciando dos familiares e amigos mais próximos nas semanas que antecederam as mortes.
Movimentação financeira suspeita
Após as mortes, os suspeitos resgataram aplicações financeiras e tentaram vender o imóvel onde o casal morava, avaliado em cerca de R$ 950 mil. Um comprovante bancário mostra que, 20 dias após o falecimento de Everaldo, houve o resgate de R$ 379 mil de uma aplicação em seu nome.
De acordo com a investigação, o amigo indiciado chegou a procurar um corretor de imóveis antes mesmo da morte de Everaldo e planejava simular uma venda falsa para um conhecido, o que levantou suspeitas entre os investigadores.
Advogada é indiciada por coação
O inquérito também cita a participação de uma advogada, identificada como Ana Paula, que tentou influenciar o depoimento de testemunhas. Segundo a polícia, ela orientou uma das pessoas ouvidas a mentir sobre a relação com Everaldo para justificar a transferência de bens e, posteriormente, passou a ameaçar familiares das vítimas. Ela foi indiciada por coação no curso do processo.
Próximos passos do caso
Com o relatório final concluído, o Ministério Público deve analisar o caso para oferecer denúncia à Justiça. A Justiça já determinou o bloqueio de R$ 1,5 milhão em bens e veículos dos investigados, para garantir eventual reparação de danos.
Thomas Lydon e Everaldo Gregório, que viviam juntos em Governador Valadares, morreram com seis dias de diferença, em junho. As mortes foram inicialmente tratadas como naturais, mas a família desconfiou da rapidez do enterro e procurou a polícia, iniciando a investigação que revelou a trama criminosa.