
O caso do empresário acusado de assassinar um gari em uma discussão de trânsito — que já era grave por si só — acaba de ganhar uma camada ainda mais espessa de gravidade e comoção social. Sabe-se agora, com exclusividade, que as armas apreendidas com o suspeito não eram apenas de sua posse: estavam registradas em nome da sua própria esposa, que é delegada da Polícia Civil.
E não é só isso. As investigações tiveram acesso a uma série de mensagens trocadas entre o casal que simplesmente não deixam margem para dúvidas. Elas comprovam, de forma cristalina, que ele usava as armas dela — e que ela sabia disso. O teor das conversas é, no mínimo, perturbador.
Numa dessas mensagens, ele chega a fazer um comentário sobre "pegar a .40" — uma clara referência ao calibre da arma — antes de sair de casa. Ela, por sua vez, não demonstra qualquer surpresa ou reprovação. Zero. Nada. O silêncio aqui é tão gritante que chega a doer.
O que isso significa no quebra-cabeça investigativo?
Bom, a situação muda completamente de figura, não é mesmo? De repente, não se trata mais apenas de um homem que supostamente cometeu um crime com uma arma própria. A questão salta para um possível — e gravíssimo — desvio de função por parte de uma autoridade policial.
Uma delegada, figura que deveria zelar pela lei, estaria facilitando o acesso do marido às suas armas de serviço? E pior: sabendo que ele as portaria? As implicações jurídicas e éticas são enormes, para não dizer aterrorizantes.
O caso, que já chocou o público, agora mergulha em águas muito mais turvas e profundas. A sensação que fica é a de que os pilares daquilo que deveria nos proteger estão, na verdade, rachando por dentro. E a pergunta que todo mundo faz, mas ninguém quer responder, é: até onde vai o abuso de autoridade?
A defesa do empresário, claro, se mantém em silêncio. Já a Polícia Civil, através de sua assessoria, informou apenas que a delegada em questão já foi afastada de suas funções e que um processo administrativo interno foi aberto para apurar sua conduta. Um começo, talvez. Mas será o suficiente?
Enquanto isso, a família do gari assassinado clama por Justiça — uma Justiça que, esperamos, não seja às cegas nem feita de conchavos. O Brasil inteiro está de olho.