
Era pra ser mais um dia comum na capital mineira, mas a operação policial desta quarta-feira (17) mostrou que o perigo pode estar escondido até em objetos aparentemente inofensivos — como uma simples caneta.
Três indivíduos, cujos nomes ainda não foram divulgados, foram algemados após serem flagrados produzindo e vendendo um produto que prometia o que não podia cumprir: emagrecimento rápido e milagroso. Só que o preço, nesse caso, poderia ser a saúde — ou até a vida — de quem caísse no conto do vigário.
O golpe da caneta que emagrece
Segundo as investigações, os suspeitos — dois homens e uma mulher — operavam em um pequeno laboratório clandestino no bairro Santa Efigênia, região Leste de Belo Horizonte. Lá, eles envasavam em canetas esferográficas comuns uma mistura perigosa de substâncias não regulamentadas pela Anvisa.
"Era um coquetel perigoso, com princípios ativos que podem causar desde taquicardia até problemas cardíacos graves", explicou um delegado que preferiu não se identificar. O produto, vendido por até R$ 300 a unidade, era anunciado em grupos de WhatsApp como "revolução na perda de peso".
- Promessa: emagrecimento de 8kg em uma semana
- Realidade: internações por arritmia e desidratação severa
- Modo de uso: aplicações diárias como se fosse insulina
Parece piada, mas é de arrepiar. A fórmula — que os criminosos chamavam de "patenteada" — continha, na verdade, uma combinação aleatória de estimulantes e diuréticos potentes, segundo laudos preliminares.
Operação surpresa e apreensão recorde
Quando os policiais invadiram o local, por volta das 6h da manhã, encontraram:
- 1.247 canetas prontas para distribuição
- Galões com 50 litros da substância não identificada
- Notas fiscais frias que comprovam vendas em 5 estados
- Celulares com conversas que incriminam os envolvidos
"Eles tinham até cliente VIP", contou um agente, referindo-se a um cadastro de compradores frequentes que recebiam "descontos progressivos". Algumas vítimas chegaram a adquirir pacotes mensais, como se fosse uma assinatura de emagrecimento.
Os três agora respondem por crime contra as relações de consumo, associação para o tráfico e exercício ilegal da medicina. Se condenados, podem pegar até 15 anos de reclusão — tempo suficiente para, quem sabe, emagrecerem de verdade na prisão.
Ah, e pra quem ainda pensa em comprar "atalhos" para o corpo perfeito? A delegada Carla Mendes dá o recado: "Nenhum milagre vem de caneta. Só de caneta mesmo é multa e cadeia".