Quadrilha usava disfarces inusitados — perucas, toalhas e pinturas — para aplicar golpes milionários em benefícios sociais
Golpistas usavam disfarces bizarros para fraudar auxílios

Imagina a cara de um atendente do Caixa quando se depara com uma pessoa usando uma toalha na cabeça, uma peruca desgrenhada e o rosto todo pintado — tudo para tentar receber um benefício social em nome de outra pessoa. Pois é, meus amigos, a realidade supera qualquer roteiro de filme de comédia pastelão.

Uma investigação de quebrar o juízo revelou que uma organização criminosa agia assim, literalmente mascarada, para desviar recursos públicos. A operação, batizada de «Fantasia Real», expôs um esquema que movimentou milhões de reais.

O teatro do absurdo

Não era pouca coisa. Os golpistas chegavam aos postos de atendimento com transformações dignas de cinema — ou de um carnaval fora de época. A estratégia? Criar uma aparência totalmente nova, mesmo que ridícula, para burlar sistemas de identificação e cometer fraudes.

  • Toalhas enroladas na cabeça para simular cabelos longos ou esconder a linha do rosto;
  • Perucas de cores chamativas e estilos completamente opostos aos cabelos reais;
  • Tintas faciais, às vezes até exageradas, para alterar tom de pele e features;
  • Roupas largas ou diferentes para mudar silhueta e dificultar reconhecimento.

Parece piada, mas o prejuízo foi de dar calafrios: mais de R$ 3 milhões desviados só em um dos Estados onde agiam.

Como o golpe funcionava?

O esquema tinha camadas. Primeiro, recrutavam «laranjas» — pessoas que emprestavam ou vendiam seus dados por mixaria. Depois, com documentos falsificados ou adulterados, partiam para o disfarce físico. A ideia era parecer outra pessoa na hora do saque.

E olha só a ousadia: muitas vezes, iam várias vezes ao mesmo local, só que com fantasias diferentes. Um dia era uma senhora de lenço; no outro, um rapaz com peruca loira e rosto pintado. Tudo registrado em câmeras, que agora são prova contra eles.

«Eles confiavam no constrangimento»

Um delegado envolvido na operação contou, com certo espanto, que a aposta dos criminosos era no constrangimento alheio. «Achavam que ninguém questionaria uma aparência bizarra para evitar conflito ou situação desconfortável». E pasme: funcionava, às vezes.

Mas não por muito tempo. A inteligência policial começou a estranhar a recorrência de «personagens» excêntricos em agências, cruzou dados e… pronto. A rede começou a se desfazer.

As consequências

Até agora, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados aos investigados. Computadores, celulares, perucas, produtos de maquiagem e até rascunhos de como deveriam ser os disfarces foram apreendidos.

E tem mais: a políca acredita que o esqueme não atuava sozinho. Há indícios de que funcionários de dentro de instituições públicas possam ter facilitado parte das fraudes. A investigação agora mira esses possíveis «parceiros» internos.

Enquanto isso, quem pagava a conta era você, contribuinte. E, claro, os verdadeiros beneficiários desses auxílios, que tinham seus direitos usurpados por gente sem nenhum escrúpulo.

No fim, a fantasia caiu. E o que restou foi mais uma história surreal — daquelas que a gente só acredita porque a realidade, às vezes, é mais criativa que qualquer invenção.