
Eis que a Rússia resolveu puxar o freio de mão. Não aceitou quieta a sentença que a apontou como responsável pela tragédia do voo MH17, abatido em 2014 sobre o leste da Ucrânia. Um movimento previsível? Talvez. Mas que joga lenha numa fogueira que já dura quase uma década.
O governo russo, através de seus advogados, entrou com um recurso contra a decisão do tribunal distrital de Haia. Lembram-se? Foi em novembro do ano passado que dois russos e um ucraniano foram condenados à revelia por homicídio. O avião da Malaysia Airlines, voo MH17, foi derrubado por um míssil disparado de uma área controlada por rebeldes pró-Rússia. Todas as 298 pessoas a bordo morreram. Uma carnificina aérea.
O que Moscou alega?
Ah, a defesa russa veio com tudo. Eles não negam apenas – atacam o processo. Dizem que a investigação foi... como posso colocar?... tendenciosa. Que ignorou provas que poderiam inocentá-los. Acusam a justiça holandesa de viés político, de fazer jogo duro com Moscou. Soa familiar, não?
O recurso alega violações processuais graves. Coisas que fariam qualquer advogado torcer o nariz: suposta inadmissão de testemunhas de defesa, avaliação «parcial» das evidências. O tipo de coisa que vira um caso jurídico num cabo-de-guerra político.
O outro lado da moeda
Mas é claro que a equipe de acusação holandesa tem sua versão. Eles montaram um quebra-cabeça com milhares de peças: imagens de satélite, interceptações de áudio, relatórios de inteligência. Tudo para provar que o míssil veio de uma unidade militar russa, cruzando a fronteira num daqueles dias tensos de 2014.
Os condenados – Igor Girkin, Sergey Dubinskiy e Leonid Kharchenko – são figuras conhecidas no tabuleiro geopolítico. Líderes militares ou de inteligência na região do conflito. Girkin, especialmente, sempre foi um personagem... digamos, vocal.
E agora? O processo segue. O recurso russo vai ser analisado, provavelmente por uma corte superior na Holanda. Enquanto isso, as famílias das vítimas – de múltiplas nacionalidades – continuam esperando. Esperando por um fechamento que talvez nunca venha.
É triste, mas é a realidade: casos assim raramente terminam com um ponto final. Viram vírgulas longas em histórias de poder, soberania e uma certa impunidade que persiste no cenário internacional.