Não era um dia diferente dos outros em Gaza - se é que existe algo como "diferente" num lugar onde o medo é rotina. Entre escombros e esperanças despedaçadas, um homem palestino aguardava sua vez na fila por um punhado de comida que pudesse sustentar sua família mais um dia. Até que o inferno desceu do céu.
Segundo testemunhas, o ataque veio sem aviso - como quase sempre vem. Um estrondo, depois silêncio. Quando a poeira baixou, o que restou foi mais um nome para a lista interminável de vítimas desse conflito que parece não ter fim à vista.
O preço da fome
O que torna esse caso especialmente revoltante? Talvez seja a brutal simplicidade dos fatos: um homem faminto, esperando por ajuda básica para sobreviver, transformado em estatística por um míssil. "Ele só queria pão", contou um vizinho, com a voz embargada por uma mistura de raiva e cansaço.
Os números da ONU pintam um quadro desolador:
- Mais de 2 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária em Gaza
- Cerca de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza
- Os ataques recentes agravaram uma crise que já dura décadas
Enquanto diplomatas discutem termos em salas com ar condicionado, no chão da realidade o sangue continua a correr. E a pergunta que não quer calar: até quando?
O outro lado da moeda
O exército israelense - que normalmente não perde tempo em se justificar - alegou que o alvo eram "elementos terroristas" na área. Mas as imagens que circularam mostram algo bem diferente: civis desarmados, incluindo mulheres e crianças, correndo em pânico entre nuvens de poeira e destroços.
Não é a primeira vez que a "balança da justiça" pende de forma curiosa nesse conflito. E dificilmente será a última.
Enquanto isso, as organizações humanitárias alertam: Gaza está à beira do colapso total. Sem comida, sem remédios, sem esperança. E com cada ataque, a paz parece mais distante - como um miragem no deserto.
