
Quem poderia imaginar que aquelas seriam as últimas palavras? Horas antes do mundo desabar, ele ainda mandava mensagens cheias de esperança. "Daqui a uns dias estarei de volta", garantia o brasileiro Denis Willian Alves à sua esposa, em áudios que agora soam como um doloroso adeus.
O mineiro de 42 anos, natural de Itajubá, integrava as fileiras da Legião Estrangeira da Ucrânia quando a morte o encontrou. Um projétil de artilharia — desses que chovem sem aviso nos campos de batalha — ceifou sua vida no último domingo. A notícia chegou como um socorro no estômago da família.
Os últimos registros de uma vida interrompida
Nos áudios, a voz dele é um paradoxo de cansaço e otimismo. Dá pra ouvir a fadiga nas entrelinhas, mas também aquela teimosia típica de quem acredita no amanhã. Ele falava sobre a rotina brutal dos combates, dos dias que pareciam não acabar nunca, mas sempre terminava com um "logo estarei aí".
A esposa, que preferiu guardar o luto em sigilo, contou que ele estava na Ucrânia há meros dois meses. Dois meses! Mal deu tempo de sentir saudade direito. Denis deixou para trás não apenas a mulher, mas três filhos — um deles ainda comemorando os primeiros aninhos.
O caminho até a guerra
Antes de vestir a farda ucraniana, Denis trilhava um caminho bem diferente aqui mesmo no Brasil. Trabalhava como vigilante, conhecia a rotina da segurança — mas nada que se compare ao inferno das trincheiras. A decisão de ir para a guerra veio de um lugar que muitos não entendem: talvez o desejo de fazer diferença, ou quem sabe a necessidade de encontrar um propósito maior.
O Itamaraty já foi acionado — como sempre acontece nessas horas trágicas. Estão tentando repatriar o corpo, mas ninguém sabe dizer quanto tempo essa burocracia dolorosa vai levar. Enquanto isso, a família aguarda, entre lembranças e a cruel realidade de um enterro adiado.
Esta história serve como um alerta cru para os mais de 30 brasileiros que, segundo estimativas, estão nesse mesmo cenário de horror. A guerra não escolhe seus protagonistas — devora todos igualmente. E as promessas de volta? Essas ficam para sempre suspensas no tempo, ecoando em áudios que ninguém mais ouvirá ao vivo.