
A notícia chegou como um soco no estômago para muitos. Um brasileiro — sim, um dos nossos — morreu em solo distante, vestindo uma farda que não era a verde-amarela, mas a de um sargento do Exército de Israel. A vida, essa tecedora de destinos imprevisíveis, às vezes escreve roteiros que nem o mais ousado dos romancistas seria capaz de imaginar.
Ele estava lá, na Faixa de Gaza, no meio da poeira, do conflito e do caos que teima em não dar trégua. Uma operação militar de rotina? Nesse lugar, rotina é uma palavra que perdeu o sentido faz tempo. Tudo é imprevisível. Tudo é perigo.
Quem era ele?
Pouco se sabe além do essencial. Brasileiro. Sargento. Um homem que, por razões que talvez só ele soubesse completamente, decidiu trocar de ares e de bandeira, embarcando numa jornada que terminou de forma tão abrupta quanto trágica. Será que ele imaginava, ao sair de casa pela manhã, que não voltaria? A guerra é assim — não faz cerimônia.
O governo de Israel confirmou a morte. Formalidades burocráticas, comunicados secos. Mas por trás deles, há uma família em luto, algures no Brasil, tentando digerir o incompreensível. Como se processa uma perda dessas? Como se enterra um sonho que foi interrompido a milhares de quilômetros de distância?
O contexto que poucos veem
Não é todo dia que um brasileiro morre servindo a um exército estrangeiro — ainda mais num teatro de guerra tão complexo e polarizado quanto Gaza. Isso levanta questões… questões duras. Sobre identidade. Sobre lealdade. Sobre o que move uma pessoa a arriscar tudo tão longe de casa.
E, claro, sobre o conflito em si — um daqueles temas que divide opiniões, acirra ânimos e, no fim das contas, sempre deixa um rastro de vidas perdidas de ambos os lados. Desta vez, uma dessas vidas tinha passaporte brasileiro.
O Itamaraty já foi acionado. Os trâmites para repatriar o corpo devem estar a todo vapor — uma tarefa sombria e melancólica, como costumam ser essas coisas. Enquanto isso, nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp, a comunidade brasileira em Israel deve estar sob choque. Um dos seus partiu.
Resta agora o silêncio. O luto. E a pergunta que não quer calar: quantas histórias como essa ainda precisarão ser escritas antes que a paz — a verdadeira paz — deixe de ser apenas uma palavra bonita em discursos políticos?