
Era pra ser um negócio perfeito — até a polícia meter o bedelho. Um empresário, um suposto expert em arte e mais dois figurões estão no olho do furacão por supostamente colocarem no mercado telas falsas atribuídas a Antônio Bandeira, um dos maiores nomes do modernismo brasileiro.
Segundo as investigações — que começaram depois de uma denúncia anônima —, o esquema funcionava como um relógio suíço: obras "autenticadas" por um perito de renome eram vendidas por valores que chegavam a seis dígitos. Só que tinha um probleminha... os quadros eram tão originais quanto nota de três reais.
O golpe da arte
Detalhes da operação mostram que:
- As falsificações eram feitas com técnica apurada — mas não o suficiente para enganar exames laboratoriais
- O perito envolvido supostamente emitia certificados de autenticidade sem a devida análise
- Obras "descobertas" apareciam misteriosamente em coleções particulares
"É como se alguém resolvesse vagar o Monalisa na feira livre", brincou um dos investigadores, que pediu para não ser identificado. A piada tem fundo de verdade: estima-se que o prejuízo total possa ultrapassar os R$ 10 milhões.
Quem era Antônio Bandeira?
Para quem não é do ramo (e mesmo para alguns que são), o pintor cearense — morto em 1967 — foi um dos precursores do abstracionismo no Brasil. Suas obras, quando originais, são disputadas a tapa em leilões internacionais.
E é justamente essa fama que os investigados parecem ter explorado. "Quando o artista morre, a oferta congela. Aí aparece gente querendo fazer a festa", explica uma galerista que preferiu não se identificar.
Agora, os quatro envolvidos respondem por estelionato qualificado, formação de quadrilha e falsificação de documento público. Se condenados, podem pegar até 12 anos de cana. Enquanto isso, o mercado de arte brasileiro fica de orelha em pé — será que outras "obras-primas" por aí não passam de belas mentiras?