
Um daqueles casos que faz a gente parar e pensar no que realmente está acontecendo por trás dos números oficiais. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, numa operação que mexeu com os brios da administração municipal de Canoas, trouxe à tona uma realidade que, francamente, é de cortar o coração.
Segundo as investigações — e isso é sério —, o número de cães e gatos submetidos à eutanásia no município é o dobro do que consta nos registros oficiais. Sim, o dobro. A gente fala em cerca de 400 animais, mas a conta real beira os 800. Uma discrepância absurda que levanta mais perguntas do que respostas.
Operação Não é Brincadeira de Cachorro
A coisa começou a ficar feia quando a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) decidiu meter a colher. Eles abriram um inquérito para apurar, vejam só, a conduta de um veterinário do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Canoas. A suspeita? Que o profissional estaria aplicando a eutanásia em animais sem seguir os protocolos — ou pior, sem qualquer critério técnico que justifique o ato.
Não é algo que se faça de qualquer jeito, não é mesmo? A lei é clara: a eutanásia só é permitida em casos muito específicos, como doenças graves e incuráveis que causem sofrimento insuportável ao bicho. Ou em situações de agressividade extrema e comprovada. Fora isso, é crime. Ponto final.
O que Diz a Defesa?
O veterinário investigado, claro, nega qualquer irregularidade. Através de seu advogado, ele afirma que sempre agiu dentro da lei e dos protocolos. Diz que as eutanásias realizadas foram todas necessárias e justificadas. Mas a polícia, desconfiada como deve ser, foi atrás dos documentos.
E foi aí que a casa caiu. Eles compararam os registros internos do CCZ com os números enviados para a Secretaria Estadual da Saúde. E adivinhem? A diferença era gritante. Enquanto um papel dizia uma coisa, o outro contava uma história completamente diferente. Alguém estava mentindo, e a polícia acredita que não eram os papéis.
Além dos Números: O Drama Real
Pensar em 800 animais sacrificados — muitos deles, talvez, desnecessariamente — é de uma frieza tremenda. São vidas que poderiam ter tido uma segunda chance, um lar, um pouco de carinho. A eutanásia, quando mal aplicada, vira uma solução fácil e cruel para um problema de gestão pública.
O que mais preocupa, além do óbvio sofrimento animal, é o que isso revela sobre a administração do CCZ. Se os números são maquiados, o que mais pode estar errado? A falta de transparência é um prato cheio para desvios de conduta e, pior, para a impunidade.
Agora, a bola está com a Justiça. O delegado responsável pelo caso já adiantou que o inquérito deve ser concluído em breve e, dependendo do que for apurado, o Ministério Público poderá entrar com uma ação civil pública. Canoas, com certeza, vai ficar de olho.