Cão com leishmaniose vira caso de polícia: família é ameaçada por vizinhos em MG
Cão com leishmaniose: família ameaçada por vizinhos em MG

Imagine a cena: você faz o que é certo, denuncia um animal doente para proteger toda a comunidade, e no lugar de agradecimento, recebe ameaças. Pois é, a realidade às vezes supera qualquer ficção.

Em Ribeirão das Neves, na Grande BH, uma família descobriu da pior maneira possível que tentar fazer a coisa certa pode virar um pesadelo. Tudo começou quando notaram que o cachorro de um vizinho apresentava sintomas preocupantes — aqueles olhos fundos, pelagem opaca e aquela letargia que não engana ninguém que já viu um caso de leishmaniose.

E não é que o diagnóstico confirmou? Leishmaniose visceral, uma zoonose grave que pode ser fatal para humanos e animais. A família, consciente do perigo público, fez a denúncia às autoridades sanitárias. Até aí, tudo dentro do esperado.

O revés inesperado

Mas eis que a trama toma um rumo absolutamente surreal. Em vez de reconhecer o problema, os donos do animal — e outros vizinhos! — voltaram-se contra os denunciantes. As ameaças começaram leves, depois escalaram para algo que beira o inacreditável.

"A gente só queria proteger todo mundo, inclusive eles mesmos", desabafa um membro da família, que preferiu não se identificar por medo de retaliações. "Agora estamos com medo de sair na rua, de que algo aconteça com nossa casa."

As autoridades já foram acionadas, é claro. A Polícia Civil abriu investigação para apurar as ameaças, enquanto a vigilância sanitária tenta resolver o caso do animal doente — que, pasmem, continua solto pelo bairro, potencialmente espalhando o flebotomíneo, inseto transmissor da doença.

Um problema de saúde pública

O que mais choca nessa história toda é a falta total de noção sobre o perigo real da leishmaniose. Não é frescura, não é implicância — é uma doença que mata gente, gente de verdade. Só em Minas Gerais, os números assustam ano após ano.

E o pior: quando a população não colabora, vira uma guerra perdida. Os agentes de saúde tentam fazer seu trabalho, mas esbarram na resistência de quem deveria ser o primeiro a querer resolver a situação.

Enquanto isso, a família que tentou fazer o certo vive sob tensão. Medo de represálias, medo de que o animal continue doente, medo de que mais pessoas adoeçam. Uma ironia cruel, não acham?

O caso segue em investigação, mas já serve de alerta para outras comunidades. Saúde pública é responsabilidade de todos — e às vezes, fazer a coisa certa exige mais coragem do que deveria.