
O que começou como uma manifestação tranquila de pais e crianças rapidamente descambou para uma cena de caos total naquele final de tarde em São José dos Campos. A coisa pegou fogo — literalmente — quando a Guarda Civil decidiu apelar para o spray de pimenta contra moradores que, francamente, só queriam saber do parquinho dos pequenos.
O vídeo que circula nas redes é de cortar o coração: mostra o exato momento em que o gás é lançado sobre o grupo. Gritos, crianças assustadas, uma senhora tentando se proteger com as mãos... uma verdadeira loucura que você não espera ver numa discussão sobre um equipamento público.
O que levou a essa confusão toda?
Pois é, a prefeitura resolveu remover o parquinho do Residencial Parque das Colinas sem aviso prévio — desses que pegam todo mundo de surpresa numa terça-feira qualquer. A justificativa? Dizem que o equipamento estava velho e representava perigo.
Mas os moradores, é claro, não engoliram essa história. Eles alegam que ninguém foi consultado e que a remoção foi autoritária. "Do nada chegaram os caminhões e começaram a desmontar tudo", conta uma mãe que preferiu não se identificar. "Meu filho de 5 anos ficou desolado, chorou a semana inteira."
O protesto foi organizado para ser pacífico. Levaram cartazes, as crianças, a indignação de quem paga seus impostos e espera pelo mínimo. Mas aí a Guarda Civil apareceu — e o clima mudou completamente.
A versão dos dois lados
A Guarda alega que os moradores estariam impedindo o trabalho dos funcionários públicos e que houve "atos de hostilidade". Dizem que o spray foi usado como último recurso, depois de várias advertências.
Já os moradores garantem que estavam apenas protestando de forma organizada. "Ninguém agrediu ninguém, estávamos apenas com cartazes e nossa voz", insiste um jovem que filmou tudo com o celular. "A reação foi completamente desproporcional."
E no meio disso tudo, as crianças. Sem parquinho, com o susto do spray, e agora com o trauma de ver a polícia agindo com truculência na própria comunidade. Uma lição de cidadania das piores que poderiam aprender.
E agora, José?
A prefeitura se pronunciou — meio tarde, diga-se de passagem — dizendo que vai instalar um novo parquinho "em breve". Mas não especificou datas, nem modelo, nem nada que acalme os ânimos.
Enquanto isso, o Ministério Público já foi acionado e deve abrir investigação sobre o uso da força pela Guarda Civil. Será que vamos ter justiça nessa história? Ou vai ficar por isso mesmo, como tantas outras vezes?
O que me preocupa, sinceramente, é o recado que isso passa: que protestar por direitos básicos pode terminar em violência policial. E numa democracia, isso é simplesmente inaceitável.