
Não é brincadeira. Quem mora em Serrinha e Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, sabe que o barulho de fogos pode ser tanto comemoração quanto aviso: "quando estoura, a gente já se encolhe", conta Dona Maria, dona de uma birosca perto da linha do trem. A rotina por lá virou um jogo de sorte – será que hoje vai ter tiroteio?
O que está pegando
Desde a semana passada, uma briga besta entre dois caras do Catiri e da Serrinha escalou pra coisa feia. Agora virou guerra de facção contra facção, e os moradores – esses coitados – ficam no meio do fogo cruzado. Literalmente.
Ontem mesmo, por volta das 15h, o comércio fechou tudo na correria. Três escolas mandaram as crianças pra casa mais cedo, com medo de que a situação piorasse. E piorou.
Números que assustam
- Pelo menos 5 confrontos registrados em 72 horas
- 3 pessoas feridas (duas delas só passavam pela rua)
- 7 ônibus desviados da região desde segunda-feira
O pior? Ninguém sabe quando vai acabar. "Eles tão com sangue nos olhos", diz um PM que pediu pra não ser identificado – e você entende o motivo.
Como tá a vida real lá
Imagine cancelar consulta médica porque o trajeto passa perto da área quente? Ou seu filho perder aula semana sim, semana não? Pois é, essa é a realidade de milhares de pessoas que, pasme, só querem trabalhar e voltar pra casa em paz.
Na padaria do Seu Jorge, o movimento caiu pela metade. "Tá todo mundo com medo de sair na hora errada", explica ele, enquanto arruma os pães com mãos trêmulas. Detalhe: o estabelecimento fica a apenas 300 metros do último tiroteio.
E a polícia? Ah, a polícia... Diz que está fazendo operações, mas os moradores reclamam que só aparecem depois – quando aparecem. Enquanto isso, o WhatsApp dos grupos de vizinhos não para de vibrar com alertas e rumores.
O que esperar
Especialistas em segurança ouvidos pelo G1 (mas que não querem se identificar, claro) dizem que esse tipo de conflito costuma durar entre uma e duas semanas. Mas pode esticar se alguma liderança for presa ou, Deus nos livre, morta.
Enquanto isso, o jeito é torcer – e não, não é pelo time de futebol. É pra bala perdida não encontrar ninguém no caminho. De novo.