A Lenda Viva de Gurupi: A Incrível História do Pé de Pequi que Virou Símbolo de Resistência no Meio da Avenida
Pé de Pequi vira símbolo de preservação em Gurupi

Imagine só: no meio do vai e vem frenético de uma avenida movimentada, uma testemunha silenciosa da história simplesmente se recusa a sair do lugar. Não é um prédio antigo, não é um monumento – é uma árvore. Um pé de pequi que virou, sem querer, o símbolo mais autêntico de Gurupi, no Tocantins.

E olha que a história dessa árvore é coisa de cinema. Conta a tradição oral – aquela que passa de boca em boca, mais confiável que muito documento por aí – que o pequi já estava ali, firme e forte, muito antes do asfalto, dos carros e do barulho. Quando foram traçar a avenida, eis a surpresa: no ponto exato do projeto, uma árvore imponente, cheia de histórias para contar.

O Dilema: Progresso ou Preservação?

Aí veio aquele impasse clássico. O que fazer? Derrubar e seguir o planejamento original? Ou dar uma guinada na história e abraçar o inesperado? Gurupi escolheu a segunda opção, e que escolha acertada! A avenida simplesmente deu uma leve curva, um desvio poético, para abraçar o novo (e antigo) morador.

Hoje, o que se vê é uma cena que foge completamente do trivial. No canteiro central, entre as pistas, o pequi se ergue majestoso. É uma visão que, convenhamos, tira qualquer um do piloto automático. Quem passa de carro não pode evitar um sorriso ou uma pergunta: "O que uma árvore dessas está fazendo aqui?".

Muito Mais que Sombra e Fruto

O pequi de Gurupi transcende sua função biológica. Ele não está ali apenas para fornecer sombra ou seus frutos amarelos e saborosos, tão típicos do cerrado. Não. Ele se transformou em um ponto de referência afetivo. "Vamos nos encontrar lá no pé de pequi" é uma frase comum na cidade. Virou palco de conversas, de pausas no dia a dia, de fotografias.

É uma relação de respeito, quase de admiração. A população abraçou a árvore como parte da identidade local. Uma prova viva de que o desenvolvimento não precisa, necessariamente, apagar o passado. Pode, isso sim, dialogar com ele.

E pensar que tudo isso começou com uma decisão humana, lá atrás, de não ver a natureza como um obstáculo, mas como um parceiro. O pequi permanece como um lembrete diário – um lembrete verde e vivo no cinza da cidade – de que algumas coisas valem a pena ser preservadas. A história, a cultura, a memória. Gurupi entendeu isso na prática, e colhe os frutos, que vão muito além do pequi.