
O sol escaldante não dá trégua — e o chão rachado conta uma história que nenhum agricultor quer ouvir. Enquanto o termômetro dispara, a seca teima em não dar sinais de melhora em Rio Branco, deixando um rastro de preocupação entre quem depende da terra para viver.
Parece que o céu esqueceu de chorar sobre o Acre este ano. As nascentes, antes generosas, agora parecem gargantas secas. E os ribeirões? Viraram lembranças poeirentas.
Onde a água virou lenda
Não é exagero dizer que em algumas comunidades, crianças estão aprendendo o que é um rio pelos livros didáticos. A situação é tão crítica que:
- O poço artesiano da Vila do Seringal Secou Pior Que Vassoura Velha
- Na Colônia Agrícola Chuva de Verão, plantações murcham antes mesmo de florescer
- Até o igarapé que batizou a Comunidade Água Fria sumiu — ironia cruel
"A gente tá vivendo de garrafão e fé", desabafa seu Raimundo, agricultor há 40 anos. Suas mãos calejadas, que já enfrentaram tantas secas, tremem ao mostrar o milharal que não vingou.
Efeitos em cadeia
Quando a terra fica sedenta, a vida encolhe. Os animais — antes barulhentos — agora andam em silêncio, procurando sombra. O comércio local definha junto com as plantações. E o pior? Ninguém sabe quando virá alívio.
Os técnicos da Defesa Civil andam de chapéu na mão e relatório na outra, mapeando o estrago:
- 13 comunidades em situação crítica
- 5 fontes de água completamente secas
- Mais de 200 famílias afetadas
Enquanto isso, na cidade, a discussão sobre mudanças climáticas parece distante — algo que acontece "lá fora". Mas aqui, no quintal de casa, a realidade bate à porta sem pedir licença.
Será que estamos preparados para o que vem por aí? Ou vamos continuar tratando a água como se fosse infinita, até o dia em que a torneira cuspir apenas ar?