Operação da PF desmantela esquema de crimes ambientais e grilagem no Litoral Norte de SP
PF combate crimes ambientais no Litoral Norte paulista

Numa ação que mistura faro investigativo e tecnologia de ponta, a Polícia Federal (PF) botou o pé na porta de um esquema que vinha sangrando o meio ambiente no Litoral Norte paulista. A operação, batizada de 'Selva de Pedra', mirou quadrilhas especializadas em dois tipos de crime que andam de mãos dadas por essas bandas: desmatamento clandestino e grilagem de terras públicas.

Segundo apurou nossa reportagem, os investigadores passaram meses colhendo provas antes de acionar o gatilho. "Era um daqueles casos em que você precisa juntar o quebra-cabeça peça por peça", confessou um delegado que preferiu não se identificar. O resultado? Seis mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal em São Sebastião.

O modus operandi

Os criminosos - que alguns moradores já apelidaram de "cartel da motosserra" - agiam com uma audácia que beirava o absurdo. Num esquema que lembra aqueles filmes de faroeste onde bandidos falsificavam títulos de terra, eles:

  • Desmatavam áreas de preservação permanente como se fossem cortadores de cana em dia de meta
  • Criavam documentos falsos para "legalizar" terras da União
  • Revendiam os lotes a preços inflacionados para incautos

E o pior? Parte dessa terra roubada era usada para construções irregulares - aquelas que sempre aparecem nos noticiários quando acontece alguma tragédia nas encostas.

As consequências

Enquanto isso, o meio ambiente na região - que já sofre com a pressão imobiliária e turística - ficava cada vez mais frágil. "É como se tirassem o cobertor de uma criança no inverno", comparou uma bióloga local, referindo-se ao desproteção da fauna e flora.

Os danos, segundo a PF, incluem:

  1. Destruição de nascentes que abastecem comunidades tradicionais
  2. Extinção local de espécies ameaçadas
  3. Aumento do risco de deslizamentos nas áreas desmatadas

E tem mais: a operação ainda está em andamento. Os agentes federais garimpam computadores e documentos apreendidos nas buscas desta quarta-feira (6). A expectativa é que novos alvos sejam identificados - quem sabe até "peixes maiores" nesse mar de ilegalidades.

Para os moradores da região, a ação foi recebida com um misto de alívio e ceticismo. "Tomara que não fique só nisso", torceu uma comerciante de São Sebastião, enquanto observava o movimento dos policiais. Resta saber se essa operação será o fim do problema ou apenas mais um capítulo numa história que parece não ter fim.