
Numa ação que mistura faro investigativo e tecnologia de ponta, a Polícia Federal (PF) botou o pé na porta de um esquema que vinha sangrando o meio ambiente no Litoral Norte paulista. A operação, batizada de 'Selva de Pedra', mirou quadrilhas especializadas em dois tipos de crime que andam de mãos dadas por essas bandas: desmatamento clandestino e grilagem de terras públicas.
Segundo apurou nossa reportagem, os investigadores passaram meses colhendo provas antes de acionar o gatilho. "Era um daqueles casos em que você precisa juntar o quebra-cabeça peça por peça", confessou um delegado que preferiu não se identificar. O resultado? Seis mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal em São Sebastião.
O modus operandi
Os criminosos - que alguns moradores já apelidaram de "cartel da motosserra" - agiam com uma audácia que beirava o absurdo. Num esquema que lembra aqueles filmes de faroeste onde bandidos falsificavam títulos de terra, eles:
- Desmatavam áreas de preservação permanente como se fossem cortadores de cana em dia de meta
- Criavam documentos falsos para "legalizar" terras da União
- Revendiam os lotes a preços inflacionados para incautos
E o pior? Parte dessa terra roubada era usada para construções irregulares - aquelas que sempre aparecem nos noticiários quando acontece alguma tragédia nas encostas.
As consequências
Enquanto isso, o meio ambiente na região - que já sofre com a pressão imobiliária e turística - ficava cada vez mais frágil. "É como se tirassem o cobertor de uma criança no inverno", comparou uma bióloga local, referindo-se ao desproteção da fauna e flora.
Os danos, segundo a PF, incluem:
- Destruição de nascentes que abastecem comunidades tradicionais
- Extinção local de espécies ameaçadas
- Aumento do risco de deslizamentos nas áreas desmatadas
E tem mais: a operação ainda está em andamento. Os agentes federais garimpam computadores e documentos apreendidos nas buscas desta quarta-feira (6). A expectativa é que novos alvos sejam identificados - quem sabe até "peixes maiores" nesse mar de ilegalidades.
Para os moradores da região, a ação foi recebida com um misto de alívio e ceticismo. "Tomara que não fique só nisso", torceu uma comerciante de São Sebastião, enquanto observava o movimento dos policiais. Resta saber se essa operação será o fim do problema ou apenas mais um capítulo numa história que parece não ter fim.