Mariana 10 Anos: Memória, Luta e Justiça Inacabada na Maior Tragédia Ambiental do Brasil
Mariana 10 anos: memória e protestos por justiça

Uma década se passou, mas a dor permanece viva nas ruas de Mariana. Nesta quarta-feira, a cidade mineira reviveu a memória daquele 5 de novembro de 2015, quando o rompimento da barragem do Fundão escreveu uma das páginas mais tristes da história brasileira.

Memória que Não se Apaga

As cerimônias começaram cedo, com uma missa emocionante na Igreja de São Francisco de Assis. Familiares das 19 vidas perdidas na tragédia se reuniram em oração, carregando flores e fotografias de seus entes queridos. O sino badalou 19 vezes, uma para cada vítima fatal.

"A gente não esquece. A cada 5 de novembro, o coração aperta de novo", compartilhou Maria das Dores, que perdeu dois parentes no desastre.

Protestos e a Busca por Justiça

Enquanto as homenagens aconteciam, grupos de atingidos e ativistas ambientais tomavam as ruas em protesto. Os manifestantes carregavam faixas com mensagens contundentes:

  • "10 anos e nada de justiça!"
  • "Samarco, Vale, BHP: assassinas ambientais!"
  • "O Rio Doce ainda sangra!"

O tom das manifestações refletia a frustração com a lentidão dos processos de reparação. "Passaram-se dez anos e ainda temos comunidades sem água potável, pescadores sem sustento, famílias desabrigadas", denunciou um líder comunitário.

O Legado de Destruição

Os números da tragédia continuam assustadores:

  1. 19 mortos
  2. 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos
  3. 663 km do Rio Doce atingidos
  4. 1.469 hectares de vegetação destruídos
  5. Mais de 200 comunidades afetadas

Impacto Ambiental Irreversível

O rompimento não apenas ceifou vidas humanas como causou danos ambientais que especialistas consideram irreversíveis. O Rio Doce, outrora fonte de vida e sustento para milhares, tornou-se um símbolo de destruição.

O Que Mudou em Uma Década?

Especialistas em segurança de barragens apontam que a tragédia de Mariana serviu como alerta para todo o setor mineral. Novas legislações foram implementadas, e o monitoramento de barragens se tornou mais rigoroso.

Porém, para os atingidos, as mudanças são insuficientes. "Não adianta criar leis se não há fiscalização eficiente. O crime de Mariana não pode se repetir", alertou um ambientalista presente aos protestos.

Enquanto o sol se punha sobre Mariana, flores continuavam chegando aos memoriais. Dez anos depois, a cidade mineira demonstra que, mesmo com o tempo, algumas feridas nunca fecham completamente - e a luta por justiça e reparação continua mais necessária do que nunca.