
Não deu outra. Depois de uma batalha judicial que se arrastou por anos, o condomínio que teimava em ocupar uma área de preservação ambiental em Fortaleza finalmente veio abaixo. E olha que não foi sem polêmica — a demolição, realizada nesta segunda-feira (5), deixou muita gente de cabelo em pé.
O tal prédio, um esqueleto de concreto que desafiava as leis ambientais desde 2018, estava fincado bem no meio de uma Área de Preservação Permanente (APP). "Um verdadeiro atentado ecológico", como definiu um técnico do Ibama que acompanhou a operação.
O estrago estava feito
Pois é. Mesmo com a demolição, os especialistas alertam: a natureza da região já sofreu danos irreversíveis. Calcula-se que mais de 200 árvores nativas foram cortadas durante as obras — algumas delas centenárias. "É como arrancar páginas de um livro raro", comparou uma bióloga local, com a voz embargada.
E não pense que foi fácil chegar até aqui. O caso:
- Começou com denúncias de moradores em 2019
- Passou por 7 recursos judiciais
- Teve até liminar concedida e depois cassada
- Terminou com multa milionária para os responsáveis
Curiosamente, enquanto as máquinas trabalhavam, um bando de guarás — aquelas aves vermelhas típicas da região — sobrevoou o local. "Quase como um protesto da natureza", comentou um operário, entre um gole de café e outro.
E agora, o que vai ser do terreno?
Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a área será totalmente recuperada. O plano inclui:
- Remoção de todo entulho (cerca de 5 mil toneladas)
- Replantio de espécies nativas
- Criação de um corredor ecológico
- Monitoramento constante por 5 anos
Mas tem gente que duvida. "Já vi muitos casos assim, e no final vira estacionamento", resmungou um velho pescador da região, enquanto consertava suas redes. Só o tempo dirá.
Uma coisa é certa: o caso serviu de alerta. A prefeitura prometeu fiscalização mais rígida — embora todos saibamos como essas promessas costumam terminar. Enquanto isso, os ambientalistas comemoram, mas com um gosto amargo na boca. Afinal, prevenir sempre foi melhor que remediar, não é mesmo?