Pare um minuto para pensar: o que realmente sustenta a nossa economia? Dinheiro? Indústria? Tecnologia? Ana Lúcia Grizzi, uma voz experiente nesse debate, traz uma perspectiva que vai te fazer ver o Brasil com outros olhos. E olha, a resposta pode estar mais perto do que imaginamos – literalmente no chão que pisamos.
"O capital natural é a base de tudo", afirma ela, com a convicção de quem já viu muitos ciclos econômicos passarem. Mas o que diabos é isso? Basicamente, são todos os recursos naturais que nos sustentam – água, florestas, minerais, biodiversidade. Coisas que, convenhamos, o Brasil tem de sobra, mas que raramente aparecem nas planilhas do governo ou nos balanços das empresas.
O Paradoxo Brasileiro: Rico em Natureza, Pobre em Valorização
É quase irônico. Temos a maior biodiversidade do planeta, reservas de água que são a inveja do mundo, terras férteis que alimentam nações... mas tratamos tudo isso como se fosse infinito. Grizzi cutuca a ferida: "Precisamos parar de enxergar a natureza como algo separado da economia". Ela tem um ponto – e que ponto!
Imagine só se contabilizássemos o valor real da Amazônia, do Pantanal, dos nossos rios. Seríamos não uma economia emergente, mas sim a potência ambiental do século XXI. Mas para isso, precisamos de uma mudança de mentalidade que, francamente, ainda está engatinhando.
Os Três Pilares que Podem Mudar Tudo
- Mensuração: Como diz o velho ditado, "o que não se mede, não se gerencia". Precisamos de métricas claras sobre o valor dos nossos ecossistemas
- Inovação Financeira: Criar instrumentos que permitam investir na preservação como se investe em ações ou imóveis
- Educação Econômica: Ensinar desde cedo que árvore em pé vale mais que madeira cortada
E aqui vai um pensamento que me ocorreu lendo a entrevista: será que a próxima bolsa de valores não será em Wall Street, mas sim numa "Bolsa da Biodiversidade" em pleno coração da Amazônia? Parece loucura, mas há vinte anos atrás ninguém imaginava que dados seriam o novo petróleo.
O Futuro é Verde – e o Brasil Pode Ser Seu Líder
Ana Lúcia não é otimista à toa. Ela vê nas novas gerações uma consciência diferente, uma vontade genuína de fazer as coisas de outro jeito. "Os jovens entendem que não há economia saudável em um planeta doente", reflete. E essa talvez seja a maior esperança.
O caminho não é fácil – longe disso. Envolve repensar políticas públicas, envolver o setor privado de verdade, e talvez o mais difícil: mudar nossa relação com a riqueza. Porque no final das contas, de que adianta ter dinheiro no banco se não tivermos ar limpo para respirar ou água potável para beber?
Pensando bem, capital natural não é um conceito novo – nossos avós já sabiam que terra boa vale ouro. Só precisamos redescobrir esse saber antigo com olhos modernos. E o Brasil, com sua exuberância natural que sempre nos define, pode ser o professor do mundo nessa lição.
