
Não foi miragem — quem acordou em Uberlândia nesta segunda-feira (11) precisou esfregar os olhos mais de uma vez. Os termômetros marcaram -1,2°C, a temperatura mais baixa do ano na região. E olha que não foi só um friozinho qualquer: as plantações viraram literalmente "esculturas de gelo", com folhas e frutos petrificados pelo fenômeno que os meteorologistas chamam de "geada negra".
O que aconteceu com as lavouras?
Parecia cena de filme apocalíptico. Cafeeiros, canaviais e até aquelas hortaliças que a gente compra na feira — tudo coberto por uma camada branca e brilhante. Os produtores rurais, coitados, ficaram com aquele nó na garganta. "Perdi 30% da produção de morango em uma noite", contou um agricultor, enquanto esfarelava uma folha congelada entre os dedos.
E não foi só isso:
- Estradas vicinais viraram pistas de gelo — três acidentes foram registrados antes do amanhecer
- Animais de criação receberam ração extra para manter a temperatura corporal
- Até as torneiras urbanas deram problema, com canos congelando em bairros periféricos
Por que esse frio todo?
Segundo o Climatempo, uma massa polar "escandinava" (sim, eles usaram essa palavra) desceu sem piedade sobre o Triângulo Mineiro. A umidade baixíssima — 23%! — criou condições perfeitas para o termômetro despencar. "É como se o inverno tivesse dado um último soco antes de ir embora", brincou um meteorologista, antes de ficar sério: "Mas pode repetir em setembro".
Nas redes sociais, virou meme: fotos de cachorros usando pijama, árvores que pareciam ter sido pintadas com glitter e até um carro "escarchado" naturalmente. Enquanto isso, os agricultores faziam contas: o prejuízo preliminar passa de R$ 12 milhões só na microrregião de Uberlândia.
E agora?
A Defesa Civil municipal acionou o plano emergencial — caminhões-pipa para áreas rurais, abrigos aquecidos e até doação de cobertores. Para as plantações? "Só rezar", suspirou um técnico agrícola, explicando que variedades como café e milho já sofreram "queima fisiológica" irreversível.
Enquanto o sol teimava em aparecer (tímido, por volta das 10h), uma curiosidade: o recorde histórico da cidade segue sendo -1,8°C em 1975. Desta vez, faltaram 0,6 graus para entrar para a história — mas ninguém na região está reclamando por ter "escapado por pouco".