Quem vive no Amazonas sabe: os últimos dois anos foram de apertar o cinto e rezar por chuva. A seca castigou tanto que até os igarapés pareciam ter virado poeira. Mas parece que o sofrimento vai dar uma trégua — e olha que ninguém aqui tá botando fé fácil.
Segundo os técnicos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), 2025 promete ser menos cruel. A estiagem prevista é moderada, o que, convenhamos, já é um alívio depois do inferno que foi 2023 e 2024. "Não é festa, mas dá pra respirar", diz o meteorologista Carlos Mendes, que há 15 anos estuda os padrões amazônicos.
O que mudou?
Os dados mostram que o El Niño — aquele fenômeno que vira o clima de cabeça pra baixo — tá dando uma folga. As temperaturas do Oceano Pacífico estão mais comportadas, e isso significa menos extremos por aqui. Mas atenção: moderado não quer dizer moleza. "Ainda teremos períodos secos, só que menos prolongados", explica Mendes.
Pra quem depende do rio, a notícia é quase um milagre:
- Nível dos rios deve ficar 30% acima do registrado em 2024
- Comunidades ribeirinhas poderão navegar sem tanto sufoco
- Agricultura de subsistência ganha fôlego
E os impactos?
O governo estadual já começou a soltar os preparativos — afinal, ninguém quer ser pego de calças curtas de novo. Os estoques de água potável serão reforçados nas áreas mais críticas, e os hospitais estão sendo alertados sobre possíveis surtos de doenças típicas do período seco.
Mas tem um porém: os especialistas fazem um alerta vermelho sobre as queimadas. "Com a vegetação ainda fragilizada, qualquer faísca pode virar desastre", adverte a bióloga Ana Paula Torres, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
No fim das contas, o Amazonas parece ter virado a página do pior capítulo — mas o livro ainda tá longe do final feliz. Como dizem por aqui: "É como segurar um jacaré com uma mão só". Dá pra segurar, mas exige cuidado redobrado.
