Conflitos violentos no Sul da Bahia: indígenas e fazendeiros em guerra por terras
Violência em disputa por terras no Sul da Bahia

O ar pesado no extremo sul da Bahia não é só do calor - é de tensão. De um lado, comunidades indígenas que juram de pé junto que aquelas terras são suas por direito ancestral. Do outro, fazendeiros que mostram documentos empoeirados alegando posse legal. No meio, sangue, suor e muita bala perdida.

Parece filme de faroeste, mas é a realidade nua e crua de quem vive na região. Só nos últimos três meses, quatro confrontos violentos deixaram rastros de destruição - casas queimadas, plantações arrasadas, famílias assustadas. "A gente vive com o coração na mão", conta um morador que prefere não se identificar - afinal, nessas bandas, falar pode custar caro.

Raízes do conflito

O buraco é mais embaixo - e mais antigo do que muita gente imagina. Enquanto os indígenas falam em "retomada" de territórios tradicionais, os ruralistas argumentam que compraram as terras de boa fé. "É como se duas histórias completamente diferentes estivessem disputando o mesmo pedaço de chão", analisa um antropólogo que acompanha o caso há anos.

E olha que a coisa não tá nada bonita:

  • Pelo menos 15 ocorrências de violência registradas neste ano
  • Dois feridos a bala na última semana
  • Processos judiciais que se arrastam há mais de uma década

O jogo de empurra-empurra

Enquanto isso, os órgãos responsáveis parecem mais perdidos que cego em tiroteio. A Funai diz que está fazendo o possível para mediar o conflito. O Incra alega falta de recursos para acelerar os processos de demarcação. Já a polícia... bem, a polícia chega quando o estrago já está feito.

"É sempre assim: quando a gente mais precisa, não tem ninguém", desabafa uma liderança indígena, com a voz carregada de cansaço. Do outro lado do muro, um fazendeiro reclama: "Investi tudo que tinha aqui. Se isso não é meu, então nada nesse país é de ninguém".

E agora, José?

Enquanto a justiça não resolve - ou pior, enquanto alguém não morre - a região vive num clima de guerra fria que pode esquentar a qualquer momento. Os ânimos estão exaltados, os discursos radicais e as armas... bem, as armas nunca estiveram tão à mão.

Numa terra onde o direito e a força bruta parecem jogar uma partida de cabo de guerra, só tem uma certeza: alguém vai sair perdendo. E, pelo andar da carruagem, pode ser todo mundo.