
Parece que o destino resolveu testar a resistência desse povo logo de cara. Mal completaram trinta dias estabelecendo raízes em seu novo território, um temporal de dar medo desabou sobre a Terra Indígena Rio das Cobras, lá no município de Nova Laranjeiras, no Paraná. E não foi um simples aguaceiro – foi uma daquelas tempestades que fazem a gente questionar a fúria da natureza.
O estrago, contado pelos próprios indígenas, é de cortar o coração. Pelo menos oito casas simplesmente não resistiram à ventania e ao volume d'água que caiu do céu. A escola da comunidade, um espaço vital para as crianças, também sofreu danos consideráveis. Imagina só: você finalmente consegue um pedaço de terra para chamar de seu, começa a montar sua vida do zero, e em pouco mais de quatro semanas tudo é ameaçado por forças completamente fora do seu controle.
Recomeço Interrompido pela Fúria do Clima
A situação é particularmente dolorosa quando se lembra do contexto. Essas famílias são remanescentes do povo Xetá, e haviam sido reassentadas naquela área após um longo e provavelmente desgastante processo. A mudança para as novas terras, que deveria simbolizar um novo começo, uma esperança renovada, aconteceu no final de agosto. A alegria da conquista, no entanto, teve vida curta.
O temporal, que aconteceu no último final de semana, não poupou nada. Telhados voaram, estruturas foram comprometidas e o sentimento de segurança, tão recente, foi abalado. É como se o chão, literalmente, tivesse sido tirado dos seus pés outra vez. E agora? A pergunta que fica no ar, mais pesada que a água da chuva, é: o que fazer?
A Busca por Ajuda e a Solidariedade Imediata
Diante do caos, a comunidade não ficou parada. Líderes indígenas já acionaram a Funai (Fundação Nacional do Índio), clamando por uma resposta urgente. A necessidade mais imediata? Claramente, é abrigo para as famílias que perderam tudo. Alimentos, cobertores e materiais de construção também estão na lista de prioridades.
O que me impressiona, confesso, é a resiliência. Apesar do golpe duro, a organização interna da comunidade parece estar funcionando. Eles sabem com quem falar, o que pedir. É uma demonstração de força num momento de evidente vulnerabilidade. A prefeitura de Nova Laranjeiras também entrou em cena, afirmando que está avaliando os danos para prestar o suporte necessário. Torcemos para que a burocracia não seja mais uma barreira para quem já perdeu tanto.
Enquanto isso, as famílias tentam salvar o que resta de seus pertences e se abrigam com parentes e vizinhos cujas casas resistiram. A solidariedade, nessas horas, vira a tábua de salvação. O temporal passou, mas o trabalho de reconstruir – não só as casas, mas a confiança – está só começando. E dessa vez, esperamos que o tempo colabore.