
Não foi uma noite qualquer em Campinas. Longe disso. Quem dormiu, foi com um olho aberto – o barulho do vento uivando e a fúria da chuva contra as janelas anunciavam que algo sério estava por vir. E veio. A madrugada desta terça-feira (23) trouxe consigo uma tempestade daquelas que ficam na memória, deixando um rastro de pura bagunça pela cidade.
O amanhecer, então, foi digno de filme. Imagine acordar e, no lugar do sol, encontrar a sua rua transformada num cenário de guerra. Árvores imponentes, que antes davam sombra, agora jaziam no chão – algumas delas, pasmem, literalmente encostadas na porta de casa, bloqueando a saída. Foi o que aconteceu com moradores de vários bairros, como o Parque Taquaral e a Vila Proost de Souza. Uma senhora, que preferiu não se identificar, contou com a voz ainda trêmula: "Pensei que fosse o fim do mundo. O barulho foi assustador, e quando amanheceu, a árvore do quintal do vizinho estava na minha porta. Não conseguimos sair."
Além dos Galhos: A Escuridão e a Espera
E se a paisagem estava destruída, a escuridão completou o cenário desolador. A falta de energia elétrica atingiu milhares de residências. A CPFL Piratininga, que nem sempre tem as melhores lembranças entre a população, corre contra o tempo para restabelecer a luz. Eles informaram que as equipes estão nas ruas, mas os estragos são tantos que a espera, claro, está longe de ser rápida.
Sem refrigerador funcionando, sem internet, sem nada. A vida moderna simplesmente pausou. "É uma sensação de impotência. Você fica ali, no escuro, sem saber quando vai voltar. O prejuízo com os alimentos que estão estragando é certo", desabafa um morador do Jardim Guanabara, enquanto tentava carregar o celular no carro.
E Agora, José?
A Defesa Civil municipal foi acionada e trabalha no atendimento às ocorrências. O Corpo de Bombeiros também teve a madrugada agitada, recebendo dezenas de chamados – a maioria para remoção de árvores e galhos que caíram sobre telhados, muros e, como já dissemos, até na entrada das casas. Felizmente, até o momento, não há registros de vítimas graves. Um alívio, considerando a dimensão dos estragos.
O que fica é aquele sentimento de vulnerabilidade. De como a natureza, quando decide mostrar sua força, não pede licença. Enquanto os serviços públicos e a concessionária de energia se viram nos trinta para limpar a cidade, os campineiros tentam retomar a rotina – contando os prejuízos e torcendo para que o tempo dê uma trégua. Porque, depois de uma noite dessas, só se pede calmaria.