
Não foi um dia qualquer no litoral paulista. O Porto de Santos, gigante que movimenta boa parte do comércio exterior do Brasil, teve que dar uma pausa forçada — e não por vontade própria. Uma combinação de ventos que pareciam saídos de um filme de aventura e ondas que desafiavam qualquer marinheiro experiente obrigou o fechamento do canal de acesso ao porto nesta segunda-feira (29).
Quem depende das balsas para cruzar entre Santos e Guarujá ficou a ver navios — literalmente. O serviço foi suspenso, deixando passageiros frustrados e com planos virados de cabeça para baixo. "Parece que o mar resolveu dar uma de diva hoje", brincou um morador, enquanto esperava sob um céu carregado.
O que aconteceu exatamente?
Imagine tentar dirigir um caminhão em uma estrada com ventania de 80 km/h — agora coloque esse caminhão na água. Foi mais ou menos isso que as embarcações enfrentaram:
- Rajadas ultrapassando os 45 nós (cerca de 83 km/h)
- Ondas com altura equivalente a um prédio de dois andares
- Visibilidade reduzida por conta da espuma e da chuva horizontal
"Quando a natureza dá seus sinais, a gente obedece", comentou um prático do porto, referindo-se à decisão de segurança que paralisou as operações.
Efeito dominó na logística
Enquanto isso, nos terminais:
- Navios ficaram "estacionados" no ancoradouro externo
- Operações de carga e descarga foram interrompidas
- Agentes portuários monitoravam os equipamentos contra possíveis danos
Especialistas estimam que cada hora de paralisação em um porto desse tamanho representa milhões em prejuízos diretos e indiretos — sem contar o estresse na cadeia logística que já enfrenta desafios pós-pandemia.
Por falar em desafios, os meteorologistas avisam: essa não será a última vez que veremos cenas assim. Com as mudanças climáticas, eventos extremos tendem a se tornar mais frequentes. "O mar tá meio sem educação ultimamente", filosofou um pescador local enquanto reforçava as amarras de seu barco.
Às 16h, a Capitania dos Portos ainda mantinha o alerta de condições adversas, mas os ventos já mostravam sinais de cansaço. Resta saber quanto tempo levará para que o maior porto da América Latina volte a operar a todo vapor — e quantas xícaras de café serão consumidas pelos profissionais que trabalham para normalizar a situação.