
O baque veio sem aviso. Do dia para a noite, o setor industrial paranaense entrou em colapso — e o vilão tem nome e sobrenome: tarifa de energia elétrica nas alturas.
Quatrocentos trabalhadores já receberam a carta de demissão. Onze mil outros foram colocados em layoff, aquela suspensão temporária que mais parece um limbo profissional. E olha que isso é só o começo.
O Estrago dos Números
Os dados são assustadores. A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) não mediu palavras: o reajuste médio de 28% na energia elétrica simplesmente inviabilizou a operação de centenas de empresas. Não é exagero. É matemática pura.
— Como competir com isso? — pergunta um empresário do setor metalúrgico, que preferiu não se identificar. — A conta de luz virou nossa maior despesa. Maior que folha de pagamento, maior que matéria-prima. É surreal.
O Efeito Dominó do Tarifaço
O que pouca gente entende é como um aumento na energia elétrica consegue, sozinho, derrubar uma cadeia produtiva inteira. A explicação é simples, mas dolorosa.
- Custo insustentável: Para indústrias eletrointensivas, energia pode representar até 40% do custo total. Um aumento de quase 30% nesse item quebra qualquer margem de lucro.
- Impossibilidade de repasse: Repassar esse aumento para o preço final? Nem pensar. O mercado está estagnado, o consumidor endividado. Quem aumentar preço, some.
- Paralisia forçada: Melhor parar as máquinas do que operar no prejuízo. Daí o layoff em massa.
E tem mais: algumas empresas simplesmente fecharam as portas. De vez.
Além dos Números: O Drama Humano
Por trás dos 11 mil em layoff, há histórias reais. Pais de família que não sabem como vão pagar o aluguel no próximo mês. Jovens que finalmente tinham conseguido seu primeiro emprego e agora veem o sonho escorrer por entre os dedos.
— Fiquei 12 anos na mesma empresa — desabafa um operário de Curitiba. — Nunca tinha visto nada assim. A gente se vira nos 30, mas até quando?
O clima nas cidades industriais do Paraná é de apreensão. E de raiva. Muita raiva.
E Agora, José?
A pergunta que não quer calar: tem saída? A Fiep pressiona o governo por medidas emergenciais, mas a esperança é curta. Enquanto isso, as fábricas param, os funcionários são dispensados e o fantasma do desemprego assombra o estado.
Uma coisa é certa: o tarifaço não foi só mais um reajuste. Foi um terremoto — e os tremores ainda vão durar muito, muito tempo.