
Oito décadas se passaram, mas a memória ainda dói como se fosse ontem. Nesta semana, o Japão parou — literalmente — para lembrar os horrores de agosto de 1945. Hiroshima primeiro, Nagasaki três dias depois. Duas cidades transformadas em símbolos eternos dos perigos da guerra nuclear.
Na terça-feira (6), exatamente às 8h15 — horário em que a primeira bomba explodiu sobre Hiroshima —, um silêncio pesado tomou conta do Parque Memorial da Paz. Sob um sol escaldante de verão, sobreviventes, familiares e autoridades se reuniram para o tradicional momento de reflexão.
"Não podemos esquecer"
O prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, discursou com voz embargada: "Cada pessoa que morreu tinha um nome. Tinha sonhos. Famílias que os amavam". Difícil não se emocionar com essas palavras, não é mesmo? Enquanto isso, pombas brancas — símbolos universais de paz — sobrevoavam o local onde 140 mil pessoas viraram pó em segundos.
Em Nagasaki, a cerimônia foi igualmente tocante. Três dias depois, no mesmo horário (11h02), o sino soou no Museu da Bomba Atômica. Dados oficiais mostram que 74 mil pessoas morreram instantaneamente — número que dobrou nos meses seguintes devido aos efeitos da radiação.
Lições para o futuro
O primeiro-ministro Fumio Kishida fez um alerta solene: "Enquanto existirem armas nucleares, nenhum país está verdadeiramente seguro". Palavras duras, especialmente vindo de um líder cuja família é justamente de Hiroshima. (Curioso como a vida prega essas ironias, não?)
Alguns números que fazem pensar:
- Menos de 120 mil hibakushas (sobreviventes das bombas) ainda vivem hoje
- A média de idade deles? Incríveis 84 anos
- Museus nas duas cidades recebem mais de 1 milhão de visitantes anualmente
Numa era de tensões geopolíticas crescentes, essas cerimônias ganham um peso extra. Como disse um sobrevivente de 92 anos ao jornal Asahi Shimbun: "Os jovens precisam saber. Precisam ver as fotos. O cheiro de carne queimada nunca sai da minha memória". Arrepiante, mas necessário.
Enquanto coroas de flores eram deixadas nos memoriais, uma pergunta ecoava silenciosamente: a humanidade realmente aprendeu a lição? Oito décadas depois, a resposta ainda parece incerta.