
Imagine a cena: dezenas de policiais federais, de forma sincronizada, cumprindo mandados de busca e apreensão em cinco cidades baianas ainda de madrugada. O alvo? Uma organização que, segundo as investigações, transformou a grilagem de terras em uma arte criminosa – e lucrativa.
A Operação Grilagem, deflagrada nesta quarta-feira (4), não é mais uma. Ela desmonta um esquema complexo que, pasmem, teria se infiltrado no próprio cartório de registro de imóveis de Itabela, no extremo sul da Bahia. O objetivo dos investigados era simplesmente usurpar terras públicas e depois vendê-las como se fossem legítimas.
O Modus Operandi: Fraude, Impressora e Muita Ousadia
Como eles faziam? A criatividade para o crime impressiona. A PF apurou que o grupo falsificava em massa títulos de propriedade – papéis velhos, amarelados, tudo para dar aquele ar de documento antigo e legítimo. Aí, com a conivência alegada de dentro do cartório, esses títulos fraudados eram inseridos no sistema de registro como se fossem verdadeiros. Pronto! Terra grilada, agora 'legalizada' no papel.
E não parava por aí. Com a propriedade 'clonada', partiam para a etapa dois: lucrar. Vendiam os lotes para terceiros, que compravam sem desconfiar do golpe monumental aplicado. Uma rede que misturava crime contra o patrimônio, falsificação documental e, muito provavelmente, corrupção. Um verdadeiro balaio de gato que enganou muita gente.
Os Alvos da Investigação
No centro do furacão judicial estão seis pessoas, alvo dos mandados de prisão preventiva. A PF acredita ter identificado o cérebro por trás de toda a operação, aquele que coordenava a falsificação e a corrupção do sistema. Além dele, foram presos suspeitos de atuar diretamente na falsificação dos documentos e, claro, o funcionário do cartório de Itabela – peça fundamental para que o esquema saísse do papel, literalmente.
Os mandados se espalharam por Itabela, Eunápolis, Porto Seguro, Guaratinga e Itagimirim. Foram apreendidos computadores, celulares e uma penca de documentos que devem servir como prova contundente contra o grupo.
O Estrago e o Recado
Ainda é cedo para dimensionar o prejuízo total, mas a grilagem de terras é um câncer que corrói o Brasil há séculos. Ela gera conflitos fundiários, desmata áreas protegidas e lesa o poder público – e todos nós, no final das contas.
A operaçãonão foi um tiro no escuro. É fruto de uma investigação longa, que começou ainda em 2023, conduzida com cuidado pela PF e validada pela Justiça Federal em Eunápolis. O recado que fica é claro: a grilagem pode parecer um crime 'do passado', mas as autoridades estão de olho – e modernizando suas ferramentas para combatê-la.
Os presos agora respondem pelos crimes de falsificação de documento público, estelionato e associação criminosa. E algo me diz que essa lista pode ainda aumentar. A sensação é que essa teia de fraudes era maior do que se imagina, e novas investigações devem surgir.