
Parece que o sistema socioeducativo do Ceará está precisando de uma revisão urgente — e não é exagero. Um relatório recente, que circula entre autoridades e defensores de direitos humanos, escancara uma série de problemas que deixariam qualquer cidadão de cabelo em pé.
Nas unidades que deveriam ressocializar jovens em conflito com a lei, a realidade é bem diferente do que pregam os manuais. Superlotação que beira o absurdo, celas improvisadas (quando não são literalmente depósitos), e o que é pior: falta até do básico, como atendimento médico regular.
O que o documento revela?
Entre as principais irregularidades apontadas:
- Adolescentes dormindo no chão por falta de camas
- Falta de profissionais especializados — em algumas unidades, o psicológico aparece uma vez por mês, quando aparece
- Alimentação precária, com relatos de comida estragada
- E o mais grave: denúncias de maus-tratos que não são devidamente apuradas
"É como se jogassem esses jovens num limbo jurídico e humano", comenta uma assistente social que prefere não se identificar. Ela trabalha há anos no sistema e diz que a situação nunca esteve tão crítica.
E as autoridades?
O governo do estado prometeu tomar providências — como sempre faz quando vazam relatórios desse tipo. Mas quem acompanha de perto sabe: entre o discurso e a prática, existe um abismo. Algumas medidas anunciadas:
- Contratação emergencial de pessoal
- Reforma nas unidades mais problemáticas
- Criação de um canal de denúncias específico
Mas até agora, segundo fontes internas, pouco saiu do papel. Enquanto isso, adolescentes continuam pagando o preço por um sistema que, em vez de ressocializar, parece apenas estigmatizar ainda mais.
Não é à toa que especialistas batem na tecla: sem investimento sério e acompanhamento constante, essas unidades viram apenas "depósitos de gente", como definiu um juiz da Vara da Infância que preferiu não ter seu nome divulgado.