
O que começou como mais um dia de verão na orla carioca se transformou num pesadelo de areia e água salgada. A tarde desta quinta-feira (11) no Leme foi marcada por uma tensão palpável, com as sirenes dos bombeiros cortando o ar salgado em vez do som habitual das ondas.
Tudo aconteceu por volta das 15h, horário em que o sol ainda castiga forte e o mar decide mostrar sua fúria disfarçada de calmaria. Duas pessoas, um homem e uma mulher – porque no fim das contas, é assim que a tragédia as reduz, a gênero e destino – foram surpreendidas por uma correnteza traiçoeira. Não deu tempo de gritar, nem de pedir ajuda. O mar simplesmente as engoliu.
Quem viu, ficou paralisado. Aquele segundo de distração, de achar que o mar é sempre amigo no verão, e pronto. A vida vira de cabeça para baixo. Os salva-vidas, esses heróis de sunga e apito que a gente às vezes ignora, foram os primeiros a reagir. Acionaram os bombeiros num piscar de olhos.
Operação de Busca: Terra e Mar
Quando a equipe do Corpo de Bombeiros chegou ao Posto 1, a situação já era de aperto no coração. Eles não mediram esforços. Enquanto uma equipe varria a areia, da faixa à calçada, outra partia para o mar em uma lancha rápida, cortando as ondas com determinação.
- Busca Terrestre: Homens percorrendo cada metro do calçadão, olhando sob cada barraca, revirando cada canto onde alguém poderia ter saído atordoado.
- Busca Aquática: A lancha avançando sobre as águas, com os olhos dos militares varrendo a superfície, procurando por qualquer sinal, qualquer movimento.
Mas o mar, sabido como é, guarda bem seus segredos. Até as 17h, nada. A esperança, aquela teimosa, era o que mantinha todos de pé. A operação continuava, incansável.
O Perigo Invisível das Correntezas
Eis aí a lição que a gente teima em esquecer: o mar não brinca em serviço. Especialistas – e qualquer pescador old school da região – sabem que aquele trecho, na virada da orla, prega peças. A correnteza de retorno se forma num piscar de olhos, puxando tudo e todos para o fundo, sem piedade.
Não importa se você é um nadador olímpico ou um pai de família tentando refrescar o calor. A força da água é implacável, um puxão que não avisa. E o pior? Isso acontece num dia de bandeira amarela, que tecnicamente indica ‘cuidado’, mas que muitos leem como ‘quase verde’.
O verão carioca é lindo, mas pede respeito. E hoje, no Leme, o preço do descuido foi cobrado caro. Enquanto as buscas seguem, a orla fica com aquele clima pesado, de apreensão e silêncio, esperando por um milagre.