
Não foi fácil acreditar no que os olhos viam. Ali, onde deveria estar sua casa, agora havia um vazio — e alguns metros adiante, a construção inteira, ou o que restou dela, jazia absurdamente sobre a lataria de um carro. O caos tomou conta de São Martinho, no Sul catarinense, neste domingo (21), quando um tornado de força brutal decidiu reescrever a paisagem em questão de segundos.
"Foi um desespero que não dá pra botar em palavras", confessa Ademir Fontes, o dono da residência, ainda visivelmente abalado. A voz embarga quando ele tenta reconstituir a sequência de eventos. "Um barulho ensurdecedor, como se o mundo fosse acabar. Aí, num piscar de olhos, a casa simplesmente saiu do chão."
Imagine a cena: você está dentro do seu lar, seu porto seguro, e de repente as paredes começam a tremer de uma forma que não é normal, não é só o vento forte batendo na janela. É algo muito mais profundo e assustador. O pânico é instantâneo, um frio na espinha que paralisa. Ademir e a família correram — para onde, nem sabiam direito, só sabiam que tinham que sair dali.
Os Minutos Seguintes ao Pesadelo
Quando o barulho cessou e a poeira começou a baixar, a realidade que se impôs era de cair o queixo. A casa, carregada pela fúria do tornado, havia percorrido uma curta distância e aterrissado, com um impacto surdo, em cima de um Chevrolet Prisma que estava estacionado na propriedade. O carro, é claro, ficou irreconhecível, amassado como uma lata de refrigerante.
"A gente fica sem reação. É uma mistura de alívio por estar vivo e um choque profundo ao ver tudo o que você construiu destruído em minutos", desabafa Ademir. A sorte, se é que podemos chamar assim, é que ninguém se feriu gravemente. O veículo estava vazio no momento do ocorrido.
Além de São Martinho: Rastro de Destruição
O tornado não poupou outras localidades. Em Armazém, cidade vizinha, a força da natureza também deixou sua marca de destruição. Telhados voaram como papel, árvores centenárias foram arrancadas pela raiz e o fornecimento de energia elétrica foi interrompido para centenas de pessoas. A Defesa Civil estadual corre contra o tempo para avaliar todos os estragos e prestar o socorro necessário às famílias afetadas.
É daquelas situações que a gente sempre acha que vai acontecer com os outros, até o dia em que o céu desaba literalmente sobre nossa cabeça. A sensação de impotência diante de uma força tão colossal é, talvez, a parte mais difícil de digerir.
Os trabalhos de limpeza e reconstrução já começaram, mas o susto — esse vai ficar marcado na memória de cada morador por um bom tempo. A pergunta que fica, ecoando no vento que agora está calmo, é: até quando estamos realmente preparados para a fúria imprevisível da natureza?