
Parece que o céu resolveu desabar de vez sobre Roraima. De repente, como se alguém tivesse virado um balde gigante, as águas transformaram estradas em rios improvisados e lavouras em piscinas de lama. Nas comunidades indígenas — aquelas que já vivem no limite da invisibilidade — a situação beira o desespero.
Não é exagero dizer que a chuva veio com sede de vingança. Em menos de 48 horas, o volume que normalmente cairia em semanas inundou tudo: casas de taipa viraram ilhas precárias, roçados de mandioca desapareceram sob a água barrenta, e o pior — crianças ficaram literalmente ilhadas, sem conseguir chegar às escolas.
O caos no dia a dia
Imagine acordar e descobrir que:
- Seu caminho para o trabalho sumiu — engolido por uma enxurrada
- O alimento que plantou virou sopa de lama
- Seu filho não vai estudar porque a "ponte" era só um tronco que agora flutua rio abaixo
Pois é exatamente isso que aconteceu em pelo menos 12 comunidades da Terra Indígena São Marcos. E olha que a coisa tá feia mesmo — até os barcos tão tendo dificuldade pra navegar nesse caos aquático.
Educação interrompida
Nas palavras de um professor local: "Quando a chuva chega assim, vira uma espécie de feriado forçado — só que sem alegria". Crianças que já enfrentam desafios enormes pra estudar agora têm mais um obstáculo: a geografia transformada em armadilha pela água descontrolada.
E não adianta achar que é só esperar a chuva passar. Os estragos nas estradas de terra vão demorar semanas pra serem consertados — isso se o tempo der trégua, o que, convenhamos, tá difícil de acreditar.
Além das plantações
Os prejuízos agrícolas são óbvios — mandioca, banana e milho virando comida de peixe. Mas tem um drama silencioso pior: o isolamento. Sem estradas, sem comunicação decente, essas comunidades viram ilhas de desespero no meio do nada.
Um líder comunitário resumiu bem: "A gente tá acostumado a lutar, mas dessa vez até pra gritar por ajuda tá difícil". E ele tem razão — quando as autoridades finalmente chegarem (se chegarem), será que vai ser tarde demais?
Enquanto isso, nas escolas vazias, o prejuízo vai além das aulas perdidas. Pra muitas crianças, a merenda escolar é a refeição mais nutritiva do dia. Sem aula, sem comida. E o pior? Ninguém sabe quando a normalidade — já tão frágil — vai voltar.