
Imagine o luto. Agora, imagine descobrir que o corpo pelo qual você chorou nem era do seu familiar. Essa é a realidade brutal que duas famílias de São José dos Pinhais, no Paraná, estão enfrentando depois de uma sucessão de erros que beira o inacreditável.
Tudo começou com um trágico acidente na BR-376, no último sábado. Dois homens, Adriano da Silva e Edmilson Ferreira de Souza, perderam a vida. A tragédia, por si só, já é um golpe devastador. Mas o que veio depois... bom, isso é coisa de pesadelo.
Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) e, posteriormente, liberados para os funerais. Foi aí que a coisa desandou de vez. A funerária responsável pelo translado simplesmente... trocou os corpos. Sim, você leu direito.
O Momento do Choque
A família de Adriano velou quem pensava ser ele. Chorou, se despediu e enterrou um caixão na mais absoluta certeza de que estava honrando seu ente querido. Só que não. E o pior? Eles só descobriram a monstruosa troca depois que tudo estava consumado. Alguém, não se sabe bem quem, fez um comentário solto. Uma observação que não batia. E aí a ficha caiu.
O que se seguiu foi desespero, raiva pura e uma pergunta ecoando no vácuo: como isso é possível? A família de Edmilson, que estava velando o corpo trocado, também foi alertada. O velório, um momento de dor íntima, virou um cenário de caos e perplexidade.
— A gente fica sem chão. É uma falta de respeito com a nossa dor, com a nossa história — desabafou um parente, cujo nome preferiu não ser divulgado. A angústia, visível.
A Busca por Justiça (e pelo Corpo Correto)
Agora, a família de Adriano entrou na Justiça com um pedido urgente: exumar o corpo que foi enterrado. Eles precisam ter certeza absoluta de quem está naquela cova. É uma medida drástica, dolorosa, mas necessária diante de uma falha catastrófica do sistema.
O pedido de exumação já está nas mãos de um juiz da 1ª Vara Cível do Foro Regional de São José dos Pinhais. Enquanto isso, as famílias tentam, aos trancos e barrancos, reconstruir um luto que lhes foi roubado duas vezes: pela morte e pela incompetência.
A funerária se cala. O IML se protege. E no meio, gente comum tentando sobreviver a uma dor que ganhou contornos de absurdo. O caso é, acima de tudo, um alerta gritante sobre a humanização — ou a falta dela — nos procedimentos pós-morte.
Que fim levou o corpo de Adriano? O que de fato aconteceu naquela funerária? As perguntas são muitas e as respostas, zero. Por enquanto, restam a indignação e a espera por uma justiça que, convenhamos, já chegou tarde demais.