
Quem diria que brincar com a própria mortalidade poderia render uma história tão peculiar? Em Brasília, um engenheiro de nome João da Silva (vamos chamá-lo assim, porque ele adorava um pseudônimo) acabou se tornando a primeira pessoa a ocupar um espaço no novo cemitério da capital — e olha que ele mesmo ajudou a projetar o lugar.
Parece roteiro de filme, mas é pura realidade. O cara, que tinha um humor mais negro que café passado duas vezes, sempre dizia aos amigos: "Quando esse cemitério abrir, eu vou inaugurar com estilo." E adivinha? Cumpriu a promessa.
Um projeto de vida... e de morte
João trabalhou por anos na Secretaria de Obras do DF. Quando surgiu a proposta do novo campo santo, ele foi um dos primeiros a colocar a mão na massa — literalmente. "Ele escolheu pessoalmente o terreno, fez os cálculos de drenagem e até sugeriu onde ficaria sua futura 'casa'", conta um colega de trabalho, entre risos e lágrimas.
Detalhe macabro? O engenheiro deixou tudo anotado num caderno azul (sua cor preferida) com medidas exatas para seu túmulo. Incluía até o tipo de mármore e uma piadinha que mandaria gravar na lápide.
"Não foi um acidente"
Quando João faleceu — de causas naturais, calma lá — a família encontrou uma carta com instruções detalhadas. "Quero ser o primeiro. Não aceito fila nem na morte", dizia um trecho. Os parentes, entre o choque e o riso, cumpriram o desejo à risca.
No dia do enterro, aconteceu algo que ninguém esperava: uma pequena multidão apareceu para prestar homenagens. Gente que nem conhecia o homem direito, mas que tinha ouvido falar da história bizarra. Virou quase um evento cultural, com direito a fotógrafos e tudo.
E o cemitério? Bom, já nasceu com uma lenda urbana. Dizem que às vezes dá para ouvir uma risada ecoando entre os corredores — provavelmente do João, se divertindo com toda essa confusão póstuma.