Era mais um domingo comum, desses que o futebol dita o ritmo. Valdir Benedito dos Santos, 63 anos, preparava-se para mais uma tarde de emoções frente à televisão. O que ninguém – muito menos ele – poderia imaginar era que aquela seria sua última partida.
Por volta das 16h, no aconchego de sua casa no Jardim Fortaleza, o coração do ex-goleiro simplesmente capitulou. Um infarto agudo do miocárdio, rápido e silencioso, interrompeu abruptamente a vida daquele que, outrora, defendia as redes do Operário FC com destreza.
A notícia chegou como um choque. Quem o conhecia lembrava-se não apenas do atleta, mas do homem de bem, aposentado da área de serviços gerais. Vizinhos comentavam, com a voz embargada, sobre sua paixão incontestável pelo futebol – uma chama que nunca se apagou, mesmo longe dos gramados.
Uma carreira entre as traves
Nos anos 80, Valdir era sinônimo de segurança na meta operariana. Suas defesas, muitas vezes milagrosas, garantiram ao time momentos de glória. Ele não era apenas um jogador; era um símbolo de uma era. O clube, ao tomar conhecimento do ocorrido, emitiu uma nota de pesar, destacando sua "dedicação e profissionalismo que marcaram época".
E agora, eis a ironia do destino: morrer justamente assistindo ao esporte que tanto amava. Há certa poesia trágica nisso, não há? Uma despedida involuntária, mas num cenário que lhe era tão caro.
Os minutos decisivos
p>Segundo relatos da família, tudo aconteceu de forma assustadoramente rápida. Não houve tempo para grandes despedidas ou para pedir ajuda. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado, mas, ao chegar, só pôde constatar o óbito. Uma vizinhança inteira parou, perplexa diante da fatalidade.O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para os procedimentos de praxe. O velório, um momento de despedida dolorosa, está marcado para esta segunda-feira (22), no cemitério Parque da Saudade, a partir das 14h. O último apito soou para Valdir.
Casos como esse nos fazem refletir sobre a fragilidade da vida. Um homem, um ex-atleta, um amante do futebol – partiu em um domingo qualquer, deixando para trás lembranças de suas grandes defesas e a saudade de quem o conheceu. O esporte mato-grossense está de luto.
