
A quietude do Pantanal foi brutalmente interrompida nesta segunda-feira (16) por uma tragédia que ceifou a vida de um homem notável. José Ricardo Enout, 62 anos – médico respeitado e pecuarista dedicado – perdeu a vida quando seu avião monomotor despencou em uma área remota da região, por volta das 15h.
O silêncio agora pesa sobre a fazenda Rio Negro, em Aquidauana. Foi dali que ele decolou pela última vez, num voo de rotina que terminou em catástrofe. A família, percebendo o sumiço, acionou o Corpo de Bombeiros num misto de esperança e desespero.
Busca Contra o Tempo
Imagine só: uma equipe de resgate navegando por águas pantaneiras, vasculhando a imensidão verde. Eles encontraram os destroços na tarde de terça-feira (17), não muito longe do local de decolagem. A cena era de total destruição – o monomotor Cessna 210, uma máquina outrora imponente, reduzida a fragmentos.
E no meio daquela ferrugem e dor, o corpo do doutor José. Sozinho. A Polícia Técnico-Científica já trabalha no local, tentando entender o que diabos aconteceu nos céus daquele dia.
Um Homem de Muitos Chapéus
Aqui é que a faceta humana dói mais. José Ricardo não era apenas mais um nome. Na medicina, ele deixou marcas profundas – ex-diretor do Hospital Estadual de Aquidauana, uma referência em angiologia e cirurgia vascular. Quem o conhecia diz que ele tinha mãos de artista e um coração gigante.
Mas sua paixão, ah, sua paixão estava na terra. No gado, no cheiro do campo, no pulsar do agronegócio. Ele dividia seu tempo entre o consultório e a lida com a pecuária, um raro equilíbrio entre cuidar de pessoas e manejar a terra.
O Conselho Regional de Medicina já se pronunciou, claro. Uma nota de pesar que soa vazia perto da dor da família. Ele deixa um legado, uma história, um vórtice de saudade.
Enquanto a Polícia Civil abre inquérito e o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) inicia suas averiguações técnicas, uma pergunta paira no ar pantaneiro: o que levou à queda? Defeito mecânico? Condições climáticas? Erro humano? São especulações que agora pouco importam para quem ficou.
O céu de Mato Grosso do Sul perdeu uma de suas estrelas. E a terra, um de seus guardiões.