Mãe de copiloto morto em queda de helicóptero contesta laudo do CENIPA: 'Piloto havia ingerido cocaína'
Mãe contesta laudo sobre queda de helicóptero com piloto e cocaína

A dor de uma mãe que perdeu o filho se transformou em voz ativa contra o que ela considera falhas em um processo investigativo. Patrícia Ferraz, mãe do copiloto Matheus Ferraz, de apenas 24 anos, não consegue engolir as conclusões do relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) sobre a queda do helicóptero que vitimou o jovem e outras duas pessoas.

O acidente, que chocou a região de Ribeirão Preto no último mês de setembro, ganhou um capítulo ainda mais dramático com a revelação de que o piloto da aeronave, Wagner Toledo, teria ingerido cocaína antes do voo fatal. Um dado técnico que, longe de trazer alívio, só aumentou a angústia da família.

"Não investigaram o suficiente"

Patrícia não mede palavras ao criticar o trabalho dos peritos. "Eles simplesmente apontaram o dedo para o piloto e deram o caso por encerrado", desabafa, com a voz embargada pela emoção. "Mas e as outras possibilidades? O que realmente sabem sobre a manutenção da aeronave? Houve algum problema técnico que passou despercebido?"

O relatório do CENIPA é taxativo: a causa provável do acidente foi "a perda de controle da aeronave em voo, por razões não determinadas, possivelmente associada à condição psicológica do piloto devido ao uso de cocaína". Uma conclusão que, para a família do copiloto, soa como uma simplificação perigosa.

Um voo que terminou em tragédia

Naquele dia fatídico, o helicóptero decolou de São Paulo com destino a Ribeirão Preto, mas nunca completou o trajeto. A queda ocorreu numa área rural, deixando três vítimas fatais: além de Matheus e Wagner, o passageiro Carlos Eduardo também não resistiu.

Matheus era novo na profissão - tinha começado há pouco mais de um ano. "Ele amava voar, era cuidadoso, meticuloso", lembra a mãe. "Meu filho confiava no piloto, confiava no sistema. E agora me dizem que tudo aconteceu porque o piloto usou drogas? É difícil aceitar."

As perguntas que ficaram no ar

O que mais incomoda Patrícia são as lacunas que permanecem. Ela questiona, por exemplo, por que o CENIPA não aprofundou a análise de outras variáveis que poderiam ter contribuído para a tragédia. "Será que o exame toxicológico foi a única pista que seguiram? E se houve falha mecânica? E as condições meteorológicas daquele dia?"

A família agora busca respostas que vão além do relatório oficial. Querem entender não apenas como, mas por que o acidente aconteceu. E se a investigação poderia ter sido mais abrangente.

Enquanto isso, o caso levanta questões importantes sobre a segurança na aviação geral brasileira. Até que ponto as investigações consideram todas as variáveis possíveis? E como as famílias das vítimas podem participar mais ativamente desses processos?

Para Patrícia, a luta por respostas mais completas é uma forma de honrar a memória do filho. "O Matheus merece mais do que uma explicação simplista. Merece que a verdade completa venha à tona."