
O silêncio que se seguiu àquela tarde de pânico em Santa Catarina agora ganha um contorno oficial. O Ministério Público Federal simplesmente fechou o dossiê sobre aquele desastre aéreo que chocou o estado — o balão que despencou do céu levando consigo oito vidas.
E sabe o que é mais angustiante? Ninguém vai responder judicialmente por aquelas mortes. A conclusão chegou depois de meses vasculhando cada detalhe, cada peça, cada testemunho. A queda aconteceu naquele 8 de outubro de 2023, mas a ferida permanece aberta.
O que realmente aconteceu naquele dia fatídico
O balão, que não era desses pequenos de festa junina, mas uma aeronave de verdade, simplesmente perdeu a majestade no ar. Caiu numa área rural de Ilhota, e a notícia correu como fogo na palha. Oito pessoas a bordo — todas com nomes, histórias, famílias — tiveram seus destinos interrompidos brutalmente.
O laudo técnico do CENIPA, aqueles especialistas que desvendam mistérios aéreos, apontou o dedo para uma falha técnica. Parece que o balão sofria de um problema no que chamam de "sistema de combustível". Uma dessas coisas que ninguém nota até ser tarde demais.
Por que ninguém foi indiciado?
Aqui é onde a coisa fica complicada. O MPF, coitado, tentou encontrar alguém para culpar. Mas como responsabilizar pessoas por algo que, nas palavras deles, "não caracteriza conduta criminosa"? Foi um daqueles terríveis acidentes onde a tecnologia falha e a vida segue seu curso impiedoso.
Não havia indícios de que alguém agiu com negligência, imperícia ou aquela temeridade que tanto ouvimos nos tribunais. A promotoria foi categórica: sem elemento subjetivo, sem crime. Ponto final.
E olha que eles foram minuciosos — analisaram tudo, desde a manutenção da aeronave até a qualificação da tripulação. Nada. Zero. Nádegas de quem?
As famílias e o difícil processo de luto
Enquanto os papéis são arquivados em gavetas oficiais, as famílias seguem tentando entender o incompreensível. Imagina receber a notícia de que seu ente querido morreu num acidente que, legalmente, não tem culpados? É como se a justiça não conseguisse alcançar certas tragédias.
O caso me lembra daqueles desastres onde a burocracia e a realidade se enfrentam numa batalha desigual. As lágrimas são reais, mas os processos judiciais seguem outros caminhos.
Santa Catarina, que normalmente nos brinda com paisagens deslumbrantes, viu seu céu se tornar palco de uma das maiores tragédias aéreas recentes envolvendo balões. E agora, com o arquivamento, resta saber se as medidas de segurança nesse tipo de transporte serão revistas.
Porque no fim das contas, o que importa não é apenas punir — é prevenir. Evitar que outras oito famílias precisem passar pelo mesmo calvário.