Mercados à beira do colapso: vendedores de Monte Alegre vivem sob ameaça constante
Vendedores convivem com risco de desabamento em Monte Alegre

Imagine acordar todos os dias sabendo que o teto do seu local de trabalho pode desabar a qualquer momento. É assim que vive dezenas de comerciantes em Monte Alegre, onde mercados públicos estão literalmente caindo aos pedaços.

"A gente trabalha com o coração na mão", confessa Maria*, uma vendedora de hortifrúti que há 15 anos ocupa a mesma barraca. "Quando chove, parece que o mundo vai acabar aqui dentro."

Estruturas que desafiam a gravidade

Os problemas não são novos — alguns dizem que vêm se arrastando há quase uma década — mas a situação atingiu um ponto crítico. Vigas enferrujadas, pisos irregulares que formam verdadeiras crateras e telhados que mais parecem peneiras.

O mercado central, que deveria ser orgulho da cidade, hoje é:

  • Um risco à saúde pública
  • Um perigo constante para trabalhadores
  • Um descaso que virou rotina

E o pior? Ninguém parece disposto a assumir a responsabilidade. "Já fizemos abaixo-assinado, protesto, até reza coletiva", brinca sem graça o feirante João Carlos, mostrando aquela resignação típica de quem cansou de esperar por soluções.

Entre o medo e o sustento

O dilema é cruel: fechar as portas significa perder o único meio de sobrevivência, mas continuar trabalhando ali é conviver diariamente com o perigo. Alguns comerciantes já adotaram medidas caseiras — como colocar baldes para conter goteiras ou improvisar apoios para prateleiras — mas sabem que são paliativos.

"Minha barraca fica embaixo da parte mais frágil", conta Dona Marta, que vende peixes há 22 anos. "Se eu sair, como vou pagar minhas contas? Se ficar... bom, você viu o estado disso aqui."

Enquanto isso, os clientes seguem frequentando o local, muitos sem ter alternativa na região. "Compro aqui desde criança", diz a aposentada Rosália, "mas ultimamente venho rápido e saio mais rápido ainda."