
Imagine um céu colorido, cortado por linhas quase invisíveis — o cenário clássico das tardes de domingo em Ribeirão Preto pode ganhar novos contornos. A prefeitura aprovou uma lei que, digamos, coloca ordem na bagunça criativa dos papagaios. Pipódromos. Soa estranho? Pois é exatamente isso: espaços dedicados para quem quer empinar pipa sem enroscar na rede elétrica ou virar manchete policial.
Entre a tradição e os fios elétricos
Todo mundo sabe — ou deveria saber — que pipa e fio de alta tensão combinam tanto quanto água e óleo. Só que, diferente da cozinha, aqui o resultado pode ser fatal. Ribeirão Preto registra casos absurdos todo ano: desde adolescentes eletrocutados até motociclistas quase degolados por linhas com cerol. A nova lei tenta virar esse jogo, criando zonas seguras longe dos perigos urbanos.
"É uma medida necessária, mas polêmica", admite um vereador local. "Como proibir uma tradição que vem desde os avós? Melhor organizar do que reprimir."
Como funcionam os pipódromos?
- Áreas abertas, distantes de redes elétricas e vias movimentadas
- Sinalização clara sobre regras e horários
- Fiscalização contra o uso de cerol e materiais cortantes
- Parceria com escolas para conscientização
Não é só burocracia. A lei prevê multas para quem insistir em soltar pipa perto dos fios — valores que podem chegar a R$ 2 mil, dependendo da reincidência. Mas o foco, garantem, é educativo. "Queremos que as crianças continuem brincando, só que com segurança", explica o secretário municipal de Segurança.
O outro lado da linha
Claro que tem quem torça o nariz. Alguns moradores reclamam que os pipódromos ficarão longe dos bairros periféricos, obrigando deslocamentos. Outros questionam se a fiscalização vai funcionar de verdade — afinal, Brasil é o país das leis que "pegam" e das que viram letra morta.
Mas há um consenso: algo precisava ser feito. Só no primeiro semestre deste ano, a Enel registrou 15 interrupções no fornecimento causadas por pipas na região. Sem contar os atendimentos hospitalares por cortes profundos — muitos envolvendo crianças.
Resta saber se a solução vai "pegar". Enquanto isso, o conselho é simples: se for soltar pipa, escolha bem o lugar. Sua diversão não pode virar tragédia alheia.