
Imagine ter que cruzar uma ponte que mais parece um cenário de filme de aventura — só que na vida real. É assim que os moradores do Povoado Capivara, em Alagoas, vivem diariamente. Uma estrutura improvisada, feita de madeira bamba e cordas desgastadas, é a única ligação entre as comunidades locais.
Não é exagero dizer que cada travessia parece uma roleta-russa. "A gente reza antes de passar", confessa Dona Maria, 62 anos, que usa o caminho para buscar remédios. A madeira range, as tábuas balançam, e o vão abaixo? Bem, melhor nem olhar.
O desespero vira rotina
Quando chove, a coisa fica ainda pior. A água sobe, a correnteza aumenta, e o que já era arriscado vira uma verdadeira prova de coragem. Crianças, idosos, grávidas — todos arriscam a vida simplesmente para ir à escola ou ao posto de saúde.
O mais absurdo? Essa situação se arrasta há anos. "Já cansei de reclamar na prefeitura", desabafa o líder comunitário José Ricardo. "Eles prometem, mas nada muda." Enquanto isso, os moradores seguem fazendo malabarismos sobre as águas.
O que dizem as autoridades?
Quando questionada, a prefeitura local jogou a responsabilidade para o governo estadual, que por sua vez mencionou "estudar soluções a médio prazo". Enquanto burocracias se arrastam, vidas continuam em risco.
Não é preciso ser engenheiro para ver que essa ponte é uma tragédia anunciada. Basta um olhar atento para notar as madeiras podres, os apoios corroídos, o abismo que espera por um descuido.
Enquanto isso, no Povoado Capivara, a vida segue — precariamente equilibrada sobre tábuas frágeis, num retrato cruel do abandono das comunidades rurais. Até quando?